quarta-feira, 15 de outubro de 2025

100 anos de Rádio no Brasil – A fábrica invisível do som...

Crédito da imagem: DALL-E, IT BOLTWISE

Artigo compartilhado do site PORTAL DOS JORNALISTAS, de 14 de outubro de 2025

100 anos de Rádio no Brasil – A fábrica invisível do som: quando o audiocast vira linha de produção

Por Álvaro Bufarah (*)

Há um novo som no ar − e, ironicamente, ele não vem de uma voz humana. Em setembro de 2025, a startup norte-americana Inception Point AI, fundada por Jeanine Wright (ex-Wondery), anunciou que pretende transformar o mercado de audiocasts em uma indústria de produção em massa. A promessa: gerar milhares de episódios por semana, a menos de um dólar cada, com narradores, roteiros e personalidades totalmente artificiais

A ideia parece saída de um episódio de Black Mirror, mas já é uma operação real: mais de 5.000 programas estão ativos sob a Quiet Please Podcast Network, com 3.000 novos episódios semanais e 10 milhões de downloads acumulados em apenas um ano

O modelo é direto: inteligência artificial identifica temas populares via Google e redes sociais, gera roteiros com ferramentas como OpenAI, Claude, Gemini e Perplexity, e distribui o conteúdo narrado por 184 agentes de IA personalizados, entre eles personagens como Claire Delish, uma chef de IA, e Oly Bennett, um comentarista esportivo digital. Tudo produzido por uma equipe de apenas oito pessoas.

A fundadora Wright defende o modelo com fervor: “Quem chama isso de lixo de IA é um ludita preguiçoso”, declarou ao The Hollywood Reporter. Para ela, não se trata de substituir humanos, mas de explorar nichos negligenciados: boletins de pólen, biografias locais, previsões meteorológicas − o conteúdo hipersegmentado que dificilmente justificaria uma equipe tradicional

Mas o que está em jogo vai além da eficiência. O audiocast − híbrido entre podcast e áudio programático − começa a operar sob a lógica de um mercado automatizado, onde a escuta é o produto e o som, uma variável de escala.

Esse movimento acompanha uma tendência mais ampla no setor de mídia. Segundo a Deloitte Media Trends 2025, 72% das empresas de conteúdo planejam automatizar parte da produção nos próximos dois anos, e 41% já utilizam IA para edição ou locução básica. No Spotify, por exemplo, o uso de vozes sintéticas em anúncios cresceu 215% entre 2023 e 2025, enquanto o custo médio de produção caiu quase 70%.

A consultoria PwC Global Entertainment Outlook 2025 reforça: o mercado global de áudio digital deve movimentar US$ 41 bilhões até 2027, impulsionado pela personalização algorítmica. Plataformas como Aflorithmic, Play.ht e ElevenLabs consolidam esse novo ecossistema, criando um catálogo de “personalidades sonoras” prontas para aluguel − um mercado paralelo de vozes sob demanda.

Por outro lado, um estudo do Reuters Institute (2024) alerta para o risco da “inflação de conteúdo indistinguível”: quanto mais automatizada a produção, maior a dificuldade do ouvinte em diferenciar o que é editorial, promocional ou meramente sintético.

No modelo da Inception Point AI, lucrar não depende de audiência massiva. Um episódio pode se pagar com apenas 20 ouvintes, graças ao custo ultrabaixo. Isso gera o que o pesquisador Nick Couldry chamaria de data colonialism: transformar a atenção e o comportamento humano em insumo de um maquinário de automação. Cada clique, cada escuta, vira matéria-prima para novos episódios “otimizados” − criados para performar bem, não para comunicar melhor.

O perigo não está em usar IA para criar, mas em não criar mais nada fora dela. A própria Wright admite que metade dos “personagens” de sua rede são puramente artificiais, mas sua meta é “fazer com que pareçam mais humanos do que os humanos”.

A automatização da voz levanta questões éticas e estéticas. O Stanford HAI Report 2025 destaca a necessidade de rótulos claros para conteúdos gerados por IA − um tipo de “rotulagem sonora”, equivalente às advertências em vídeos deepfake. A União Europeia avança nesse sentido: o AI Act, aprovado em 2024, exigirá que produções automatizadas revelem sua origem quando usadas comercialmente.

Enquanto isso, experimentos de audio deepfake detection da MIT CSAIL mostram que 83% dos ouvintes não percebem diferença entre vozes humanas e sintéticas em áudios de até 90 segundos. O desafio, portanto, não é técnico: é ético e editorial.

O rádio nasceu como uma arte de presença; o podcast, como uma arte de intimidade. O audiocast de IA propõe algo novo − e perigoso: a arte da replicação. O que antes era voz humana agora é fluxo de dados. A criação deixa de ser um ato para virar um processo.

E talvez seja inevitável. O conteúdo em escala não é apenas uma ambição de startups, mas uma resposta ao comportamento de consumo fragmentado. Queremos sempre mais − e mais rápido. A IA responde a esse desejo com perfeição industrial.

Mas o preço do “tudo agora” é o silêncio da autoria. O som continua − mas a voz, essa, corre o risco de se diluir.

Fontes de Referência

Castnews − “O futuro do audiocast é a produção em massa por IA, segundo nova startup” (2025).

The Hollywood Reporter − “AI startup Inception Point bets on mass-produced audiocasts” (Caitlin Huston, 2025).

Deloitte Media Trends 2025 − Automação e IA na produção audiovisual.

PwC Global Entertainment & Media Outlook 2025-2029.

Reuters Institute Digital News Report 2024.

Stanford HAI Report 2025 − Ethics of Generative Audio.

MIT CSAIL Deepfake Audio Detection Study (2024).

ElevenLabs e Play.ht − Relatórios corporativos 2024–2025 sobre crescimento da produção sintética.

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Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast no Link abaixo:

https://creators.spotify.com/pod/profile/radiofrequencia/

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(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Texto e imagem reproduzidos do site: www portaldosjornalistas com br

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Album de Fotos do radialista José Alexandre dos Santos

Jairo Alves de Almeida e José Alexandre dos Santos

Alceu Monteiro e José Alexandre dos Santos

Álvaro Macedo

Paulo Lacerda, Alexandre Santos e Rosendo Aragão
Fotos compartilhadas do Facebook/José Alexandre dos Santos

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Tanuza Oliveira ENTREVISTA Magna Santana

Entrevista compartilhada do site JLPOLÍTICA, de 1 de outubro de 2025

Magna Santana: uma voz feminina, ativista e sempre firme na defesa de direitos iguais

Magna: “Conquistamos espaço, mas temos que lutar diariamente para permanecer nele”

Por Tanuza Oliveira *

A voz firme que há quase três décadas ecoa no rádio sergipano carrega muito mais do que informação: carrega história, resistência e compromisso. Magna Santana, radialista com pós-graduação em Jornalismo Político, é uma referência na cobertura política e da vida sergipana. 

E não é à toa: são 29 anos de atuação ininterrupta marcados pela paixão pelo rádio e pela convicção de que o jornalismo é ferramenta essencial para fortalecer a democracia. E, em virtude disso, é muito querida e respeitada.

Seu primeiro desejo para o universo radiofônico era simples: comandar um programa musical. Mas a rotina de repórter, vivida inicialmente nas ruas de Aracaju, mostrou-lhe outro caminho. 

A proximidade com os fatos, o contato direto com a população e, sobretudo, o olhar atento para a política a levaram a assumir um papel que, na época, ainda era raro para uma mulher. 

“A política sempre me atraiu por ser a arena onde as grandes decisões que afetam a vida de todos são tomadas. Cobri-la sempre me pareceu a forma mais direta de fiscalizar o poder e informar o cidadão”, afirma Magna.

O desafio, no entanto, não foi pequeno. Ingressar em um ambiente majoritariamente masculino significou atravessar barreiras invisíveis, mas persistentes. Magna conta que precisou provar repetidamente que firmeza não era sinônimo de agressividade, e que a sensibilidade, tão frequentemente vista como fragilidade, podia ser sua maior aliada.

“Era um constante teste à nossa capacidade. Tive que mostrar que estava ali para trabalhar, esclarecer fatos e conquistar respeito”, relembra. Mais do que conquistar espaço, Magna ajudou a mudar a pauta do jornalismo político sergipano. 

Para ela, a presença feminina traz novas perspectivas e amplia o debate. “Não apenas ocupamos espaço, mas transformamos o conteúdo. Trouxemos para o centro da discussão políticas públicas para mulheres, infância, assistência social e direitos humanos. Somos desafiadoras naturais do “sempre foi assim””, justifica a radialista.

Ao ser questionada sobre feminismo, Magna prefere não se prender a rótulos, mas deixa claro que sua trajetória é atravessada pela luta por igualdade. “Não me considero feminista, mas feminina, ativista e firme na defesa de direitos iguais. O feminismo não é acessório da minha carreira, ele se traduz na coragem de não aceitar um “não” como resposta definitiva e no uso do microfone para amplificar vozes femininas”, define. 

Magna, que atualmente é repórter e apresentadora na rádio FAN FM, reconhece avanços importantes, como a maior presença de mulheres no parlamento e em cargos estratégicos, mas não ignora os retrocessos, principalmente a violência política de gênero. “É um jogo de dois passos para frente e um para trás. As mulheres conquistam espaço, mas precisam lutar diariamente para permanecer nele com integridade”, diz.

E, nesse cenário, aponta para o papel fundamental da imprensa. “Somos espelho e condutoras. Precisamos refletir a diversidade da sociedade, dar destaque às vozes historicamente invisibilizadas e cobrar dos partidos e instituições que cumpram sua parte. Só assim construiremos uma política mais inclusiva e representativa”, resume a profissional.

Mais do que uma repórter, Magna Santana se consolidou como uma voz que inspira, questiona e abre caminhos para outras mulheres. Sua trajetória mostra que jornalismo e política não são apenas campos de poder e disputa, mas também de transformação - sobretudo quando são atravessados pelo olhar feminino. Essa entrevista exclusiva com ela vale muito a leitura. 

JLPolítica & Negócio - O que a motivou a ingressar no radiojornalismo e, especialmente, na cobertura política?

Magna Santana - Sempre fui apaixonada por rádio e o desejo após o curso de rádio era apresentar um musical. Comecei um estágio na Rádio Atalaia, como repórter de AM, mas estava de olho na FM. Ao fim do estágio me contrataram como repórter de rua pra cobertura geral, desde a bronca de rua até uma cobertura de solenidades oficias. Com o passar do tempo fui me distanciando cada vez mais do artístico e me envolvendo com o jornalismo, onde estou até hoje. Desde cedo, na universidade, me envolvia com lutas políticas acadêmicas, as paralisações, as manifestações de rua. A política sempre me atraiu por ser a arena onde são tomadas as grandes decisões que afetam a vida de todos. Cobri-la sempre me pareceu a forma mais direta de fiscalizar o poder, informar o cidadão e contribuir para uma democracia mais sólida.

JLPolítica & Negócio - Quais foram os maiores desafios enfrentados ao longo da sua carreira como mulher no rádio e no jornalismo político em Sergipe?

MS - O maior desafio, sem dúvida, foi entrar em um espaço ocupado eminentemente por homens. Os desafios raramente vinham de forma explícita, mas eram onipresentes. Havia um constante teste à nossa capacidade, um questionamento velado. Tive que provar, repetidas vezes, que minha postura firme e ética não era “agressividade”, mas capacidade. E que a suposta “sensibilidade feminina” era, na verdade, uma ferramenta poderosa para fazer perguntas mais profundas e ouvir além do discurso pronto. É assim até hoje!

JLPolítica & Negócio - Existe algum episódio marcante que simbolize sua luta por espaço e respeito no meio jornalístico?

MS - Não necessariamente um episódio, mas situações em que eu buscava sair na frente - a exemplo de coletivas -, iniciar perguntas que eram as vezes desconfortáveis, para mostrar que eu não estava ali apenas de “enfeite” e sim pra fazer meu trabalho, esclarecer fatos. Num desses episódios pediram minha demissão à Diretoria da emissora (risos). O que não se concretizou e ganhei respeito.

JLPolítica & Negócio - Como você enxerga o papel das mulheres na imprensa política, que historicamente foi dominada por homens?

MS - Vejo nosso papel como transformador. Nós não apenas ocupamos um espaço, mas mudamos a pauta. Trouxemos para o centro do debate um olhar diferenciado para temas que eram relegados, como políticas públicas para mulheres, infância, assistência social e direitos humanos. Nossa perspectiva muitas vezes questiona a lógica do poder pelo poder, buscando o impacto real das decisões na vida das pessoas. Somos desafiadoras naturais do “é assim que sempre foi feito”. A mulher na imprensa política é mais ousada, quebra o monólogo e instaura um diálogo mais diverso e, por isso, mais rico.

JLPolítica & Negócio - Você se considera feminista? Como o feminismo dialoga com sua trajetória profissional?

MS - Não. Eu me considero feminina, ativista e firme na luta pela igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. O feminismo não é um acessório da minha trajetória. Não gosto de rótulos. Envolvo-me nas causas que acredito e busco o diálogo com minha carreira para me dar a coragem de não aceitar um “não” como resposta definitiva, para defender o mesmo salário pelo mesmo trabalho e para usar o meu microfone como instrumento de amplificação de outras vozes femininas.

JLPolítica & Negócio - O que ainda falta para que as mulheres jornalistas tenham igualdade de oportunidades e reconhecimento na política e na imprensa?

MS - A estrada ainda é longa. Falta, principalmente, a quebra do teto de vidro nas posições de chefia e na definição das linhas editoriais. Já temos um bom número de mulheres nas redações, nas reportagens, mas poucas nas diretorias. No rádio especificamente, o número é muito pequeno. É preciso que as mulheres não apenas reportem as notícias, mas também decidam quais são as notícias. Além disso, precisamos de políticas claras de equidade salarial e de combate ao assédio, que ainda é uma sombra em muitas carreiras. A igualdade só será real quando uma jovem repórter olhar para cima e ver uma paridade de mulheres e homens no comando, sem que isso seja uma exceção.

JLPolítica & Negócio - Como você analisa o atual cenário político de Sergipe em relação à participação feminina?

MS - Vejo um cenário de perceptível evolução. Temos mulheres ocupando cadeiras importantes na Assembleia Legislativa, nas Câmaras Municipais e em prefeituras, o que era inimaginável há três décadas. No entanto, ainda é uma participação aquém da nossa representatividade na sociedade. Muitas vezes, as mulheres que conseguem se eleger carregam um fardo de provação muito maior, com sua capacidade sendo constantemente posta à prova de uma forma que não acontece com os homens. A política sergipana está aprendendo a conviver com as mulheres, mas ainda precisa aprender a valorizá-las de fato.

JLPolítica & Negócio - Que avanços e retrocessos você identifica quando falamos de mulheres na política sergipana e nacional?

MS - Os avanços são inegáveis: as cotas proporcionaram uma porta de entrada, e hoje vemos mulheres comandando ministérios, secretarias estratégicas e comissões importantes. A sociedade passou a cobrar e a enxergar com naturalidade a liderança feminina. O grande retrocesso, no entanto, é a violência política de gênero. O assédio, a desqualificação baseada na aparência e os ataques misóginos nas redes sociais criam um ambiente hostil que afasta muitas mulheres com capacidade e talento. É um jogo de dois passos para frente e um para trás: conquistamos espaço, mas temos que lutar diariamente para permanecer nele com integridade e provar nossa competência.

JLPolítica & Negócio - Qual é o papel da imprensa na construção de uma política mais inclusiva e representativa?

MS - O papel da imprensa é duplo: espelho e condutor. Precisamos ser o espelho refletindo a verdadeira face da sociedade, o que significa buscar ativamente as vozes das mulheres, dos negros, da comunidade LGBTQIAP+, e dar a elas o mesmo destaque e seriedade que sempre damos às vozes tradicionais. E precisamos ser condutoras, ou seja, não apenas noticiar a sub-representação, mas pautá-la. Cabe a nós questionar partidos sobre a ampliação do número de candidatas e não se restringir apenas à cota, fiscalizar o uso dos fundos eleitorais para mulheres e, principalmente, narrar as histórias dessas lideranças com a profundidade que merecem, mostrando que a competência não tem gênero, raça ou orientação sexual. Só assim a imprensa cumprirá seu verdadeiro papel democrático.

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* Articulista Tanuza Oliveira - É jornalista profissional. 

Texto e imagem compartilhados do site: jlpolitica com br

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

O rádio não morre, se reinventa sempre

Texto publicado originalmente no site do JORNAL DO BRASIL, em 11 de agosto de 2025 

O rádio não morre, se reinventa sempre. A importância do rádio na vida dos brasileiros

Por Joel Silva*

Mesmo com o avanço da internet, do “streaming” e das redes sociais, o bom e velho rádio continua presente na rotina de milhões de brasileiros. Ele está no carro, no celular, no fone de ouvido de quem trabalha, na cozinha de casa e até na palma da mão com os aplicativos. O rádio resiste porque se adapta.

Segundo dados da Kantar IBOPE Media, o rádio atinge 83% da população das grandes cidades brasileiras. Isso significa que, mesmo com tantas plataformas digitais disponíveis, o rádio permanece como um dos meios mais acessados no dia a dia. Os ouvintes escutam, em média, quatro horas de rádio por dia, especialmente no trânsito e no trabalho.

Além de ser popular, o rádio é confiável. Pesquisas apontam que o brasileiro confia mais no que ouve no rádio do que em redes sociais. A informação é percebida como mais séria, responsável e verificada. Isso fortalece o papel do rádio como canal de prestação de serviço e de jornalismo local.

Diferente de outras mídias nacionais, o rádio se destaca pela proximidade com as comunidades. Ele informa sobre a escola do bairro, a chuva que derrubou árvores, a ação da prefeitura na rua do ouvinte. É esse senso de pertencimento que faz com que muitos brasileiros se sintam representados no rádio.

Hoje, o rádio está nas plataformas digitais, nos aplicativos, em vídeo nas redes sociais e até com participação ao vivo pelo WhatsApp. Isso prova que o formato pode evoluir sem perder sua essência: ser direto, acessível e confiável. O futuro do rádio está na convergência. Quem souber integrar conteúdo, agilidade e presença digital vai continuar falando no ouvido e no coração do povo.

E aqui vai um recado aos políticos: o rádio também é, politicamente, o veículo mais democrático durante as eleições. É de fácil acesso, está em todos os lugares e não exige que o cidadão pare o que está fazendo para prestar atenção. Todo mundo ouve, todo mundo alcança. Em tempos de campanhas cada vez mais caras e distantes do povo, o rádio continua sendo o canal que fala direto com o eleitor. Ignorar o rádio é desperdiçar a chance de ser ouvido por quem realmente decide o jogo: o povo.

Mais do que um meio de comunicação, o rádio é uma companhia diária para milhões de brasileiros. Ele informa, emociona, diverte e conecta. E enquanto houver gente querendo ser ouvida, vai ter alguém do outro lado do rádio para escutar.

* Jornalista de formação, radialista, consultor político, especialista em rádio e mídias integradas.

Texto reproduzido do site: www jb com br/brasil/opiniao/artigos

sábado, 23 de agosto de 2025

Antônio Teles: “A Voz de Ouro de Sergipe”

Antônio Teles fez relativo sucesso 
no Rio e São Paulo

Antônio Teles no programa TeleSaudade, apresentado 
por ele na TV Aperipê, na década de 1980

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 22 de agosto de 2025

Antônio Teles: “A Voz de Ouro de Sergipe”
Por Amâncio Cardoso *

Para Henrique Teles, filho de Antônio.

A denominada “Era do Rádio”, entre mais ou menos 1930 e 1960, nos legou cantores e músicos de valor inconteste. Eles formaram e influenciaram artistas posteriores dos mais variados gêneros da música popular. Dentre alguns cantores que marcaram essa época, temos: Carmen Miranda (1909-1955), Dalva de Oliveira (1917-1972), Carmélia Alves (1923-2012), Eliseth Cardoso (1920-1990), Ângela Maria (1929-2018), Emilinha Borba (1923-2005), Silvio Caldas (1908-1998), Orlando Silva (1915-1978), Dorival Caymmi (1914-2008), Nelson Gonçalves (1919-1998), Cauby Peixoto (1931-2016), Jackson do Pandeiro (1919-1982) e Luiz Gonzaga (1912-1989); só para citar alguns.

Em Sergipe, também tivemos artistas que brilharam nas ondas do rádio. Eles transitavam nas primeiras emissoras do século passado com seus programas em estúdio, ou nos auditórios, com grande participação popular. À época, surgiram a rádio Difusora (PRJ-6), em 1939; Liberdade (ZYM-20), em 1953; Jornal (ZYM-21), em 1958 e Cultura (ZYM-22), em 1959.[1]

Muitos cantores se destacaram em Sergipe, tendo o rádio como veículo fundamental para divulgar trabalhos. Destacam-se alguns nomes que fizeram relativo sucesso entre o público radiofônico: Celso Reis, Maria do Amparo, Dalva Cavalcante, Zilda Porto, Luiz Ouro, Denilza Miranda, Evaristo de Freitas, Dão, Pedrinho Rodrigues, Gilza Amaral, José Augusto (1936-1981), João Mello (1921-2010) e Antônio Teles (1935-1986).

Trataremos, aqui, da trajetória desse último, sem querer descurar do talento dos demais. É que Antônio Teles era uma espécie de unanimidade no meio artístico como ótimo cantor, além de ser compositor e multi-instrumentista (tocava violão, piano e acordeon). Ele foi apreciado por colegas, radialistas e críticos como um talento especial que surgiu no rádio sergipano.[2]

Nascido na cidade de Estância, litoral sul de Sergipe, em 26 de janeiro de 1935, Antônio Teles deu seus primeiros passos na carreira em fevereiro de 1951. Ainda rapazola, veio morar em Aracaju para entrar no mundo da música.[3]

Em 1952, cantando no Programa Vesperal Alegre, foi descoberto pelo radialista Cleones Meireles, diretor artístico da rádio Difusora. Meireles, conhecido à época por ter o dom de apontar talentos, viu no jovem estanciano, de feições e atos modestos, compleição física pouco avantajada, “um cantor de classe”. O experiente diretor da Difusora não se enganou. Imediatamente, Antônio Teles foi contratado pela rádio dirigida por Meireles para ser cantor e locutor, acompanhando Milton Filho na locução dos programas musicais “Recordação”, “Reminiscência”, “Antônio Teles e Seu Violão” e “Matinal dos Brôtos”.

Além de se apresentar sozinho, Teles também cantou em dupla com, por exemplo, Valdelírio Santos, e outra com Fernandes Amaral (a dupla “Melodia”). Ele já formou até um trio com Edna e o mesmo Fernandes, Trio Centenário, em 1955. Certamente era uma alusão ao Centenário de fundação da cidade de Aracaju.[4] Esse ano foi promissor em sua carreira. Convites surgiam de “todas as partes do Estado, e até mesmo de Maceió e Salvador”.[5]

Neste sentido, 1955 fora o ano das excursões. Assim, o cantor estanciano foi “delirantemente aplaudido” de norte a sul de Sergipe: em São Cristóvão, Maruim, Lagarto, Simão Dias, Estância, Propriá, entre outras cidades, sobrando pouco tempo para apresentações em rádio naquele ano culminante. O sucesso o deixava “encabulado e emocionado”, a ponto de precisar ser “empurrado” pelo produtor para voltar ao palco e agradecer o público pelos aplausos.[6]

Não só o público elogiava a voz de Antônio Teles. Os críticos e cronistas, tanto de rádio quanto de jornal, também rasgavam encômios ao cantor. Um cronista da coluna sobre rádio do jornal A Cruzada, de Aracaju, classificou a performance musical de Antônio Teles de “incomparável”.[7] Um outro colunista, do jornal Correio de Aracaju, escreveu que o cantor estanciano podia “botar banca, mas não bota”, como intérprete musical. Aliás, a humildade era mais um traço de personalidade do artista.[8]

Devido a sua rápida aceitação, por parte da crítica e do público, Teles também inspirou outros cantores. Celso Reis, por exemplo, cantor carioca que morava em Aracaju e estreou na rádio Difusora em 1955, afirmou que Antônio Teles era “um de seus artistas prediletos”.[9] No entanto, o cantor sergipano também tinha seus preferidos. Numa entrevista à Revista do Rádio, ele revelou que seus cantores prediletos eram Carlos Nelson, Zilda Porto e Manuel Silva.[10]

Além de parceiros sergipanos, o jovem cantor também dividiu palco com estrelas de fora. Para ficar em dois exemplos, o primeiro foi com o célebre baiano Anísio Silva (1920-1989). Eles fizeram uma “noite dançante” em outubro de 1959, na Associação Atlética de Sergipe, tradicional clube de classe média de Aracaju, onde artistas tinham espaço para mostrar seus espetáculos. Naquela noite, o sergipano fez uma “apresentação invulgar”, destacou o colunista do Sergipe Jornal, arrematando que “esse santo de casa” terminaria fazendo milagre.

O segundo exemplo ocorreu na cidade de Propriá, à margem do São Francisco, em novembro de 1965. Antônio Teles, e outros amigos, cantaram e tocaram no Hotel Floreliza da cidade ribeirinha, com a já então famosa Ângela Maria. Foi “a mais sadia camaradagem seresteira que se possa imaginar”, anotou o cronista Hugo Costa (1929-2010), que estava presente nessa seresta em que Antônio Teles soltou “sua bela voz” e Ângela Maria distribuiu “simpatia e simplicidade”. Foram cinco horas de pura boemia regadas a sambas, valsas e boleros, em que a cantora do rádio chorou de emoção “ao recordar seus primeiros sucessos”.[11]

Eram comuns os shows ao vivo em hotéis, auditórios ou emissoras de rádio, bem como nas sedes dos clubes da capital sergipana, a exemplo da Associação Atlética; Vasco Esporte Clube e Cotinguiba; assim como em boates e restaurantes. Na boate do Cacique Chá, por exemplo, Teles animava as noites de festa, participando do conjunto musical da casa. Já na boate Xangai, Teles cantou e tocou violão num grupo formado pelo boêmio Hilton Lopes (1928-2003). E na churrascaria Manon, Teles e seu conjunto chegaram a tocar três vezes por semana.[12]

Em 1959, o jovem cantor formou um quarteto chamado Los Diamantes. O grupo foi escolhido a dedo entre seus amigos mais hábeis em cada instrumento: Antônio Teles (piano e acordeon); Carvalhal (baixo e guitarra); Acilon (sax e clarinete) e Bissextino (bateria). Em certa ocasião, um cronista definiu a apresentação do grupo como “primorosa exibição”. A festa foi denominada de “Esta noite é de Antônio Teles”. Às vezes, o convite era dirigido apenas ao “cantor já conhecido por todos”, como ocorreu em um baile organizado pela diretoria do Lions Club de Aracaju.[13]

Porém, o show mais peculiar realizado por Teles parece ter sido o que aconteceu em outubro de 1959. Uma multidão se comprimia na praça do palácio do governo, apreciando a exibição de fogos de artifício, com a qual se encerravam as homenagens pelo aniversário do Governador Luiz Garcia (1910-2001). De repente, as atenções foram despertadas por uma voz sobre um carro de propaganda. Era Antônio Teles a fazer, talvez, o maior show de sua vida. O carro passou pela praça e estacionou na rua contígua. O público foi atraído por sua voz, abandonando a praça até onde estava o cantor, aplaudindo-o “delirantemente, com pedidos e manifestações de emoção”. Depois, o povo acompanhou o carro até o fim da rua, próximo aos mercados municipais. O episódio parecia sintetizar o bem querer dos aracajuanos pelo cantor estanciano.[14]

Sim, Antônio Teles era bem querido pelo público, sobretudo nas ruas da capital. Pois, além de irradiar seu canto pelas ondas das emissoras, e pelos bares e clubes, ele também reverberava “sua voz plena de sonoridade”, que circulava em carros de alto-falantes, nas noites de domingo, quando havia retreta na praça Fausto Cardoso. Ainda hoje, sabemos de testemunhos que lembram de “sua voz maviosa”, ecoando pelas ruas; nos confessou uma professora de História aposentada pela UFS.[15]

Outra prova do carinho do público por seu talento foi revelada quando Teles ganhou um concurso patrocinado pelo município de Aracaju, em 1959, tendo recebido do prefeito a medalha de ouro como melhor cantor e o título de “Rei do Rádio Sergipano”. Nos anos anteriores, ele também recebera, dos órgãos de imprensa, o título de “melhor intérprete”.[16]

Entretanto, no concurso patrocinado pelo jornal Correio de Aracaju em 1960, houve sérias suspeitas de fraudes no método de apuração do voto popular, retirando de Antônio Teles um folgado primeiro lugar nas últimas apurações. Assim, Teles estava com 1003 votos, e o cantor Luiz Ouro com 482, diferença de 521 votos. E na apuração final, Ouro obteve 1735 e Teles 1096; ou seja, diferença de 639 votos. As cédulas eram destacadas dos jornais, preenchidas pelo leitor em casa e depositadas na redação, onde os votos eram contados.

Uma outra gazeta, o Sergipe Jornal, para minimizar as suspeitas de fraudes nas eleições de artistas e profissionais do rádio, utilizou-se de 100 ligações telefônicas para colher a opinião dos ouvintes. Este método, segundo um articulista, evitaria as complicações de concursos de jornal, onde geralmente “prevalecem as opiniões dos próprios candidatos, que compram diversos exemplares, preenchem os coupons, depositam nas urnas, e depois comemoram a vitória”. Coincidência ou não, por esse novo método, Antônio Teles foi eleito o melhor cantor com 56 votos; Mario Sodré com 22; Luiz Ouro com 20 e Gravatinha com 02. Ou seja, Teles obteve mais votos que os demais candidatos juntos.[17]

Conquistado o reconhecimento nas terras sergipenses, o cantor estanciano tentou novos públicos em outros Estados. Aliás, ele mesmo confessou em entrevista que seu maior desejo seria “atuar numa emissora carioca ou paulista”. Assim, em novembro de 1959, ele viajou para a capital bandeirante e depois, o “rapaz simpático” e de “bonita voz”, foi ao Rio de Janeiro, onde “obteve sucesso em suas aparições na Rádio Nacional”, conforme nota da revista carioca Radiolândia, cujo título era: “Este é o Rei do Rádio de Sergipe”, com uma foto do cantor de terno e gravata.[18]

Contudo, três meses depois, fevereiro de 1960, Teles já estava em Sergipe com seu novo programa ao vivo, na recém fundada rádio Cultura: ‘Antônio Teles – sua voz, seu piano’; às terças-feiras, a partir das 20:32. Sua voz também ressoava no programa ‘Ouça e recorde’, no mesmo dia e na mesma emissora, só que no horário anterior, a partir das 20:15.[19]

Um fato memorável na carreira do cantor ocorreu quando ele venceu a etapa sergipana do concurso “A Voz de Ouro ABC-1960”, patrocinado pelo grupo ABC de Rádio e Televisão dos Estados Unidos. Esse concurso era o mais importante do gênero, foi transmitido pela rádio e TV Record e retransmitido para todo o Brasil pela cadeia da ABC. Teles participou da grande final nacional entre os 19 candidatos, que representaram seus estados respectivos, ficando em segundo lugar. O Concurso foi disputado no luxuoso Cineteatro Paramount, em São Paulo, e estava lotado, sendo mestre de cerimônia o famoso J. Silvestre (1922-2000).[20]

O cantor sergipano aproveitou o retorno ao Sudeste do país, no fim do ano de 1960, para gravar em estúdios do Rio e São Paulo composições de dois amigos: Hugo Costa e Antônio Garcia Filho (1916-1999). Como sempre, Teles nunca deixou de valorizar os compositores locais.

Já em 1961, “o querido cantor sergipano” – nas palavras do crítico de rádio do Correio de Aracaju, Ary Évilo, – assinou contrato com a gravadora Mocambo, de Recife-PE. Parece que por essa época, ele já havia deixado a carreira militar. Ao tempo em que a rádio Liberdade manteve um programa com o “astro-cantor”, todos os dias úteis, das 12:10 às 12:25.

O jovem estanciano, segundo o crítico do Correio, estava em “ótima forma”. Talvez por isso, Teles também fora convidado para comandar o programa “Cantando e conversando com o ouvinte”, na rádio Jornal, às 22:00, em que o público participava com pedidos por cartas e telefonemas.[21]

Em seus programas, Teles lançou candidatos ao mundo da música, mas nem todos seguiram essa trilha. A exemplo do jornalista e pesquisador da História de Sergipe, Luiz Antônio Barreto (1944-2012). Ele cantou no programa duas de suas próprias composições.[22]

Em 1965, o cantor estanciano finalmente gravou seu primeiro Long Play (LP) pela gravadora Sabiá, de São Paulo. Contudo, o disco não foi lançado. O título do LP era “Noite de Ficar Sozinho”, com composições dos amigos Hugo Costa, Carvalhal, Maria Olívia, Ezequiel Monteiro, Raimundo Almeida e do próprio Antônio Teles.[23]

Ainda em 1965, Teles fora considerado pelo público e pela imprensa um cantor de destaque em Sergipe. Era tido como a “primeira linha no setor cancioneiro de Aracaju”, na expressão do cronista do Sergipe Jornal. Seu nome, à época, extrapolava o território sergipano.[24]

Sabendo de seu poder de difusão, Teles sempre divulgou, com sua “voz de ouro”, letras de amigos compositores. Tomemos como prova o registro textual de Antônio Carlos de Vasconcelos Lima, publicado em livro de memória, de 1973. Na obra, Lima agradece a Antônio Teles: “Sem o seu canto, sua lembrança, meu caro, o silêncio [das minhas músicas] seria total, sepulcral, reconheço, sinceramente”.[25]

Embora a música fosse o meio mais comum para expressar sua arte, o espírito irrequieto de Antônio Teles também se manifestou pela fotografia e pintura em tela. No final de 1964, por exemplo, ele participou da exposição de novos pintores, no salão do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. O objetivo do evento era promover a instalação de uma galeria de arte pública em Aracaju. O que aconteceu dois anos depois, quando a Prefeitura inaugurou a Galeria de Arte Álvaro Santos, na praça Olímpio Campos, centro da capital.[26]

Com a expansão de novos movimentos da música brasileira surgidos na metade da década de 1960 em diante, tais como a Bossa Nova, a Jovem Guarda e a Tropicália, que usaram sobretudo a televisão e o cinema como veículo principal de divulgação, os chamados “cantores do rádio” perderam, sensivelmente, sua inserção diante do público. Alguns tentaram se adaptar aos novos veículos. Mas, agora, o que mais contava no mundo das telas não era apenas a voz, e sim novos aparatos estéticos/visuais.[27]

Neste sentido, no decorrer da década de 1970, Antônio Teles continuou a fazer apenas pequenos shows em hotéis e restaurantes de Aracaju. O sonho acalentado na juventude de cantar no Sudeste foi ficando mais distante.[28]

Apesar de tudo, na primeira metade da década de 1980, Teles tentou incursionar na TV. Ele apresentou o programa musical TeleSaudade, na Aperipê TV, canal oficial do Estado de Sergipe, em que cantava, tocava e apresentava, com amigos, as canções da ‘época do rádio’.

Como o próprio título indicava, o TeleSaudade se remetia a um passado que havia perdido espaço nas novas mídias e no público moderno. As rádios FM’s, por exemplo, tocavam sobretudo músicas internacionais. O rock brasileiro, também por essa época, estava em plena ascensão. Os ritmos regionais passavam por uma releitura, até mesmo o forró no Nordeste. Parecia o fim dos cantores que atendiam o gosto musical do velho público radiofônico.

No meio desse turbilhão, uma fatalidade. A “Voz de Ouro de Sergipe” parou de cantar no dia 12 de julho de 1986, aos 51 anos. Após complicações numa cirurgia a que foi submetido, Antônio Teles faleceu em Aracaju. Deixou a família consternada, os amigos e os fãs.[29]

Após o seu silêncio, a voz de Antônio Teles ainda ressoa numa geração que vivenciou disputas de audiência entre antigas emissoras de rádio; que dançou nas elegantes noites de clubes; que vibrou nas tardes de lotados auditórios, deixando saudades nos românticos espíritos boêmios e naqueles que tinham ouvidos para ouvir.

*Historiador.

Notas e referências:

[1] SANTANA, Verônica. O Rádio em Sergipe. Disponível em: https://sintoniaradiofonica.blogspot.com/2012/12/radio-em-sergipe-por-veronica-santana.html. Acesso em: 23/07/2025.

[2] Antônio Teles iniciou no rádio como sonoplasta da Difusora, antes de cantar e fazer locução. Ele também gostava de pintura e fotografia. (Depoimento do filho do artista, Henrique Teles, ao autor. Entrevista realizada no dia 03 de agosto de 2025, em Aracaju-SE).

[3] Antônio Teles descendia de uma família de músicos. Seu pai, Edeltrudes de Oliveira Teles, major da Polícia Militar, era maestro da banda de música da polícia. Francisco, seu irmão mais novo, também era músico. Sua irmã, Maria de Fátima, também cantava no rádio. Os filhos de Antônio Teles: Henrique é músico e cantor (banda Maria Scombona); e Edmundo, mais afeito à música erudita. Antônio Teles, antes de se tornar cantor, fora também enfermeiro e depois 2º sargento da polícia militar. Aliás, a letra do hino da Polícia Militar de Sergipe é da autoria dele, e a música de seu pai, Edeltrudes. NETO, José Vieira. Sergipe. Revista do Rádio. Rio de Janeiro, 10 de março de 1956, p. 42; Radiolândia. Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 1960, nº 300, p. 62; Revista do Rádio. Rio de Janeiro, 30 de junho de 1956, nº 355, p. 18; Hino da PMSE. Disponível em: https://pm.se.gov.br/hino-da-pmse/. Acesso em: 13/08/2025.

[4] FILHO, Milton. Antônio Teles: “um cantor de classe”. A Cruzada. Aracaju, 21 de janeiro de 1956, nº 933, p. 04 e 06.

[5] Antônio Teles cantou em 1956 na Rádio Sociedade de Salvador-BA. Revista do Rádio. Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1956, nº 366, p. 18.

[6] Idem, Ibidem; NETO, José Vieira. Sergipe. Revista do Rádio. Rio de Janeiro, 30 de julho de 1955, nº 307, p. 34. A irmã de Antônio Teles, Maria de Fátima, também foi contratada como cantora pela rádio Liberdade, junto com o irmão, em 1955.

[7] A Cruzada. Aracaju, 11 de fevereiro de 1956, nº 936, p. 06.

[8] ESQUERDINHA. Mexendo com o artista. Correio de Aracaju, 25 de janeiro de 1958, nº 6.150, p. 04.

[9] NETO, José Vieira. Sergipe. Revista do Rádio. Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1956, p. 34. Nesse mesmo ano, Antônio Teles e Celso Reis cantaram para o fã clube de Emilinha Borba em Aracaju. Ver: Noticiário – fã clube Emilinha, de Aracaju. Radiolândia. Rio de Janeiro, 11 de agosto de 1956, p. 64).

[10] NETO, José Vieira. Sergipe. Revista do Rádio. Rio de Janeiro, 10 de março de 1956, p. 42.

[11] COSTA, Hugo. A serenata angelical. Sergipe Jornal. Aracaju, 14 de novembro de 1965, nº 14.282, p. 09. PIERRE. Sociedade. Sergipe Jornal. Aracaju, 17 de outubro de 1959, nº 14.067, p. 02. “Em 1957, Anísio Silva foi contratado pela Odeon, onde viveu a melhor fase de sua carreira. Ele foi o primeiro artista brasileiro a receber disco de ouro. (…) Em 1960, [Anísio Silva] gravou outro de seus grandes sucessos, talvez o maior, o bolero “Alguém me disse”, de Evaldo Gouveia (1929-2020) e Jair Amorim (1915-1993), regravado com grande êxito em 1998 por Gal Costa (1945-2022)”. ALBIN, Cravo. Anísio Silva. Disponível em: https://dicionariompb.com.br/. Acesso em: 28/07/2025.

[12] MELINS, Murillo. Aracaju romântica que vi e vivi. 3. ed. Aracaju: Unit, 2007. p. 237 et passim; CAVALCANTE, Antônio Amaral. A vida me quer bem. Aracaju: EDISE, 2019. p. 297; Correio de Aracaju, 26 de setembro de 1959, nº 6.283, p. 02.

[13] Sergipe Jornal. Aracaju, 20 de novembro de 1959, nº 14.079, p. 04; Sergipe Jornal. Aracaju, 13 de novembro de 1959, nº 14.076, p. 04; A Cruzada. Aracaju, 14 de novembro de 1959, nº 1.117, p. 04.

[14] FILHO, Milton. Público Homenageia Antônio Teles. Sergipe Jornal. Aracaju, 20 de outubro de 1959, nº 14.068, p. 02.

[15] COSTA, Luiz Eduardo. A Casa Lilás: memórias de um crime. Aracaju: EDISE, 2021. p. 272.

[16] Sergipe Jornal. Aracaju, 24 de dezembro de 1959, nº 14.092, p. 02; Radiolândia. Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 1960, nº 300, p. 62.

[17] FILHO, Milton. Os “Dez Mais do Rádio” em 1959. Sergipe Jornal. Aracaju, 24 de dezembro de 1959, nº 14.092, p. 02; Correio de Aracaju. 25 de janeiro de 1960, nº 6.339, p. 03; Correio de Aracaju, 01 de fevereiro de 1960, nº 6. 343, p. 01; Correio de Aracaju, 08 de fevereiro de 1960, nº 6.347, p. 02.

[18] Rádio e TV pelo Brasil. Radiolândia. Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 1960, nº 300, p. 62. Antônio Teles era locutor das rádios Jornal e Difusora, mas “como cantor não tinha prefixo certo”. ÉVILO, Ary. Rádio curiosidades. Correio de Aracaju, 1959, p. 04. (Suplemento de Natal); Sergipe Jornal. Aracaju, 25 de novembro de 1959, nº 14.081, p. 04).

[19] Rádio Cultura de Sergipe-programação. A Cruzada. Aracaju, 20 de fevereiro de 1960, nº 1.130, p. 02. Correio de Aracaju, 16 de março de 1960, nº 6.360, p. 03.

[20] O primeiro lugar do concurso ABC 1960 ficou com Davi Trompowiski e o terceiro com Clara Nunes (1942-1983). Radiolândia. Rio de Janeiro, 2ª quinzena de janeiro de 1961, nº 344, p. 10. No concurso ABC anterior, na etapa local, Teles ficou em segundo lugar, com uma diferença de “3 décimos em sete notas [dadas pelos jurados]”. Todos os juízes, “sem exceção, revelaram depois que esperavam a vitória de Antônio Teles”, escreveu Hugo Costa, um dos membros do corpo de júri do concurso. Correio de Aracaju, 13 de outubro de 1959, nº 6.291, p. 03.

[21] ÉVILO, Ary. Antônio Teles. Correio de Aracaju, 26 de agosto de 1961, nº 6.596, p. 02); ÉVILO, Ary. Antena crítica. Correio de Aracaju, 08 de novembro de 1961, nº 6.636, p. 02; Sergipe Jornal. Aracaju, 04 de outubro de 1964, edição especial, p. 07.

[22] Sergipe Jornal. Aracaju, 08 de dezembro de 1964, nº 14.375, p. 03.

[23] Sergipe Jornal. Aracaju, 01 de abril de 1965, nº 14.564, p. 03.

[24] Novos e velhos. Sergipe Jornal. Aracaju, 22 de setembro de 1965, nº 14.727, p. 05.

[25] LIMA, Antônio Carlos de Vasconcelos. Sucata. Aracaju: Livraria Regina, 1973. (nota, p. 60).

[26] Sergipe Jornal. Aracaju, 28 de outubro de 1964, nº 14.342, p. 03; Sergipe Jornal. Aracaju, 27/11/1964, nº 14.366, p. 03.

[27] PINTO, Theóphilo Augusto. Gente que brilha quando os maestros se encontram: música e músicos da “Era de Ouro” do rádio brasileiro. São Paulo: USP, 2012. (Tese em História Social pela FFLCH/USP).

[28] Jornal da Cidade. Aracaju, 04 de outubro de 1976, nº 1.258, p. 06; Jornal da Cidade. Aracaju, 21 de dezembro de 1976, nº 1.296, p. 09; Jornal da Cidade. Aracaju, 24 de dezembro de 1976, nº 1.299, p. 09; Jornal da Cidade. Aracaju, 28 de janeiro de 1977, nº 1.327, p. 09.

[29] Quem desejar matar a saudade da “Voz de Ouro de Sergipe”, é só acessar o único vídeo postado no YouTube de Antônio Teles cantando “O coqueiro é nosso”, composição do sergipano Antônio Carlos de Vasconcelos Lima. O vídeo foi realizado através do Projeto “Pano de Boca”, da Aperipê TV, gravado em 1985, no Teatro Atheneu, em Aracaju. MAYNARD, Pascoal. A Teles. Disponível em:  https://www.youtube.com/watch?v=SCo-vqKix8w. Acesso em: 26 de julho de 2025. Antônio Teles teve três uniões conjugais. Da primeira, com Nilze, nasceu Izabel. Da segunda, com Vilma, nasceram Rosângela, Cristina, Rosa Cristina e Francisco. Da terceira união, com Marlene Freire, nasceram Tânia Zamira, Henrique, Jacyra e Edmundo.

PRUDENTE, José Augusto Silva. A História do Rádio Sergipano. Disponível em:  https://sintoniaradiofonica.blogspot.com/. Acesso em: 17/07/2025.

SANTOS, Rian. O canto livre de Antônio Teles. Disponível em: https://jornaldodiase.com.br/. Acesso em: 24/07/2025.

texto e imagens reprduzidos do site: www destaquenoticias com br

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Ludwig Oliveira > Minha História no Rádio Sergipano


MINHA HISTÓRIA NO RÁDIO (Ludwig Oliveira - Como tudo começou)

Compartilhado do Canal do YouTube: Ludwig Oliveira, 27 de maio de 2019

Como comecei no Rádio. Nesta entrevista respondo a todas as perguntas formuladas para um projeto que visa resgatar a memória do nosso Rádio.

domingo, 10 de agosto de 2025

Cris Britto, sem André Barros e com três filhos adolescentes

Cris Britto e André Barros: 
“Sinto falta absurda de conviver com
 seu olhar do mundo e sobre mim”

Cris Britto, André Barros e os três filhos em
uma viagem de  férias no ano passado

Publicação compartilhada do site JLPOLÍTICA/Coluna Aparte*, de 7 de agosto de 2025

Sem André Barros e com três filhos adolescentes, Cris Britto promete volta por cima: “Sou otimista por natureza”

No último dia 17 de junho, o jornalista e publicitário sergipano André Barros, 61 anos, deu adeus a esta vida. Ao partir, além de duas filhas adultas do seu primeiro relacionamento, deixou para trás a companheira dos últimos 20 anos, a jornalista Cris Britto, 43 anos, e três filhos adolescentes - Luiza, de 16 anos, Clara, de 15 anos e Daniel, de 12 anos.

Para Cris Britto, a perda do marido foi um baque daqueles. Além de toda química e cumplicidade que os dois afetivamente tinham, da responsabilidade mútua de criar três filhos, os dois atracavam-se braçalmente em atividades funcionais da comunicação social, de que vivem. Não lhe deixou herança material, sequer uma aposentadoria.

Além do trabalho que tocavam em emissoras de rádio dos outros, eles empreendiam deles mesmos o Portal Sergipe Notícias, a rede social Notícias Exclusivas e uma agência de assessoria de comunicação que absorvia mais a mão de obra  Cris - uma jornalista que, apesar do pouco tempo de profissão, tem um leque enorme de atividades já exercidas e de espaços ocupados.

Muitíssimo sentida com tudo o que se deu com o esposo e parceiro de vida e de empreendimento, Cris Britto se mostra forte e disposta a ir à luta, botar os negócios em ação e tocar sua vida pessoal e dos seus adolescentes. Com zero de lamúrias e de vitimização. 

“Eu preciso dar continuidade ao trabalho que sempre foi feito. Essa já era uma atividade que fazíamos juntos, mas que era fortalecida pela atuação que ele tinha no rádio. Sem a presença de André, preciso encontrar outras ferramentas para potencializar o alcance das publicações”, diz Cris Britto numa entrevista exclusiva à Coluna Aparte.

“Sou jornalista capaz, sei falar, sei vender, escrever e palestrar. Portanto, só preciso correr atrás de novos contratos e oportunidades. Tudo continua funcionando e com todas as certidões em dia. Esse é o meu principal sustento hoje e eu preciso que esteja ativo e regular para prover negócios e manter a família que agora depende somente de mim”, reforça. 

Ela sabe da barra pesada que é esse fardo. “Imagine que além de atender os clientes, gerenciar crises e produzir conteúdo, preciso fazer a prospecção de novos clientes, o atendimento comercial, cuidar do faturamento e financeiro. Conciliar tudo é difícil, mas eu descobri que nasci capaz de lidar com esse tipo “de difícil””, diz ela. 

Cristine Britto Medeiros nasceu em Salvador, Bahia, no dia 19 agosto de 1981. Ela formou-se em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, em 2004 pela Universidade Tiradentes e tem pós-graduação em Assessoria de Comunicação e pós-graduação em Gerenciamento de Crises pela FAAP. Veja a seguir o resultado de uma conversa muito sensível e direta entre ela a Coluna Aparte.

Aparte - E agora, Cris, qual é o seu planejamento de vida profissional sem a presença do seu companheiro André Barros?

Cris Britto - Eu tenho uma empresa que presta serviço de assessoria de comunicação desde o ano de 2009 e tenho clientes que estão comigo desde a fundação dela. Além disso, eu e André criamos juntos o Portal Sergipe Notícias e a rede social Notícias Exclusivas, que sempre foram canais de distribuição de notícias com grande alcance. Eu preciso dar continuidade ao trabalho que sempre foi feito. Essa já era uma atividade que fazíamos juntos, mas que era fortalecida pela atuação que ele tinha no rádio. Sem a presença de André, preciso encontrar outras ferramentas para potencializar o alcance das publicações. Nesse momento, estou formatando um sistema de distribuição de notícias por meio de disparo automatizado de envio de mensagens via API do WhatsApp, o que aumenta a métrica em pelo menos 30% no tráfego dos usuários. 

Aparte - Ele deixa patrimônio, pensão ou aposentadoria, que ajudem a senhora a tocar a vida com os três filhos adolescentes?

CB - Infelizmente, não deixa. Desde que nos conhecemos, André era autônomo e não investiu em previdência privada, então não existe pensão. Ele também não deixa herança e muitos dos contratos que ele tinha foram cancelados depois do seu falecimento. Tudo que tenho é a minha casa, que inclusive é financiada, a minha força e a capacidade de trabalho. Sou jornalista capaz, sei falar, sei vender, escrever e palestrar. Portanto, só preciso correr atrás de novos contratos e oportunidades.

Aparte - Como é que ficaram, estruturalmente, o Portal Sergipe Notícias, o Perfil Notícias Exclusivas e a assessoria de imprensa que a senhora e ele tocavam desde 2009? Estão ativados e em dia com as obrigações fiscais?

CB - Sim, tudo continua funcionando e com todas as certidões em dia. Esse é o meu principal sustento hoje e eu preciso que esteja ativo e regular para prover negócios e manter a família que agora depende somente de mim. 

Aparte - A senhora terá tempo, disponibilidade e necessidade de empreender tudo isso?

CB - Eu tenho uma pequena equipe que me auxilia a manter tudo funcionando, mesmo assim é desafiador. Imagine que além de atender os clientes, gerenciar crises e produzir conteúdo, eu preciso fazer a prospecção de novos clientes, o atendimento comercial, cuidar do faturamento e financeiro. Conciliar tudo é difícil, mas eu descobri que nasci capaz de lidar com esse tipo “de difícil”. 

Aparte - Qual é o seu traçado pessoal e funcional nestes 23 anos em que é uma profissional de comunicação social? O que fez e por onde passou?

CB - Ainda universitária, passei pela assessoria do Ministério Público e da Fundação Nacional de Saúde, onde cheguei a ser contratada como jornalista anos depois. Trabalhei no Sistema Atalaia em 2003 como produtora e repórter, fui para TV Cidade onde entrei estagiaria, fui efetivada e me tornei produtora, repórter e apresentadora - foi inclusive como apresentadora que eu e André nos conhecemos, apresentando um programa chamado Fala Cidade. Trabalhei na assessoria de diversos órgãos públicos, como a Secretaria de Combate à Pobreza, Secretaria Estadual de Administração, Secretaria Estadual de Educação, onde compus o Núcleo de Produções Gráficas da Seed. Também trabalhei em veículos impressos importantes que me foram extremamente enriquecedores, como jornal Cinform e Jornal da Cidade. Fiquei como editora de Caderno Especiais por 10 anos, atividade que me dava enorme prazer. Tudo isso me fez conhecer muita gente bacana. Também trabalhei na produção de programas de rádio com André. Há 16 anos abri a minha empresa de assessoria de imprensa e criamos o nosso Portal Sergipe Notícias.

Aparte - A senhora e André dividiam as realidades e a gestão dos negócios ou a senhora vai ter de pegar tudo da estaca zero?

CB - André era publicitário, além de jornalista, por isso ele era quem cuidava das propostas, dos envios de comprovações de mídia, das negociações com agências e clientes e eu ficava mais voltada para a parte de conteúdo e produção de material dos clientes. Hoje estou tendo que cuidar de tudo. 

Aparte - Há entre seus filhos algum, ou especificamente alguma das duas meninas, já em fase de poder lhe ajudar a tocar o barco dos negócios?

CB - Nesse momento, ainda não porque a mais velha está no ensino médio se preparando para o Enem no próximo ano e passa a maior parte do dia no colégio em aulas, simulados e monitorias. Os outros dois ainda não tem a maturidade de assumir as funções. Mas quem sabe, em breve, algum deles se identifique ou se interesse por essa atividade e venha trabalhar comigo. 

Aparte - A senhora acha que vai ser difícil ou fácil fazer as coisas andarem a bom termo?

CB - Acho que nada vem fácil e eu tenho o desafio de colocar meu nome em evidência para que aqueles que não me conhecem tenham a oportunidade de conhecer meu trabalho. Mas sei do que sou capaz, tenho disposição, não tenho medo de trabalho e sou otimista por natureza. 

Aparte - A senhora tem emprego público via concurso, ou coisa parecida?

CB - Não. Já trabalhei na esfera pública, mas em cargos de confiança por onde fiquei por aproximadamente sete anos e entreguei o cargo um tempo depois que meu filho mais novo nasceu. Fiz isso pela incompatibilidade de cuidar de três crianças muito pequenas e manter três empregos, à época. 

Aparte - Não lhe assusta o avanço efetivo e progressivo da desregulamentação da profissão de jornalista?

CB - Honestamente não me assusta, porque acredito que quando as pessoas precisam de informação de qualidade e exatas irão buscar fontes confiáveis. Também acredito que o bom profissional sempre terá espaço e respeito dentro do mercado. O que eu acho mesmo uma temeridade é o desenfrear das fake news em grupos de WhatsApp como ferramenta de guerrilhas. E agora com as novas ferramentas de IA, o céu é o limite.

Aparte - Como era André Barros como pai e como companheiro?

CB - Incrivelmente amoroso, carinhoso, dedicado, sensível, absolutamente devotado, generoso e presente. Construímos uma relação de muita parceria e cumplicidade nos nossos 20 anos juntos - ele era parceiro, sócio, marido e protetor. Tentava blindar a todos nós de qualquer problema e fazia tudo pelos filhos, do tipo que daria a própria vida por qualquer um deles. 

São muitas camadas de saudade, legado, amor, aprendizado, conexão e admiração. Sinto uma falta absurda de conviver com o seu olhar do mundo e sobre mim. Em mim, ainda ressoa sua voz quando me dizia: “Se esperavam de mim alguém menos apaixonado, desculpem desapontá-los. No fundo eu fui até contido”.

 Aparte - Perdão, Cris, se a pergunta lhe faz sofrer por evocar, mas afinal, de que morreu André Barros: da rejeição ao implante renal ou do linfoma?

CB - Na verdade, de nenhuma das duas causas. André nasceu com uma condição genética que lhe fez perder a função renal de forma precoce. Em 2023, fez um transplante renal bem sucedido e teve a oportunidade de renascer a partir desse milagre que é a doação de órgãos. Mas ao final de 2024 fomos surpreendidos pelo diagnóstico de um linfoma de Não Hodking de um tipo agressivo. Iniciou o tratamento de quimioterapia e passou pelo transplante de medula óssea. Tudo corria bem, ele estava em recuperação clínica, trabalhando, comendo, fazendo fisioterapia, mas perto da alta contraiu um vírus respiratório no hospital que agravou rapidamente em virtude da sua imunossupressão. Ele morreu em remissão completa do linfoma e com o rim transplantado em funcionamento.

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* Articulista, da coluna Aparte, Jozailto Lima, é jornalista há 42 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Com colaboração da jornalista Tatianne Melo.

Texto e imagens reproduzidos do site: jlpolitica com br coluna aparte

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Chiquinho Ferreira destaca seus 43 anos de comunicação

Publicação compartilhada do site HORA NEWS, de 5 de agosoto de 2025 

Chiquinho Ferreira destaca seus 43 anos de comunicação e anuncia livro para registrar sua história

Redação

Na última segunda-feira, 4, o radialista, assessor e marketeiro político, Chiquinho Ferreira, participou do podcast PodMaisVezes, apresentado pelo comunicador Heliomarto Silva. Em um bate-papo bastante descontraído, Chiquinho relatou sua trajetória desde as primeiras externas do rádio até os dias de hoje, onde no alto de sua experiência já passou por diversas secretarias – em âmbito estadual e municipal-, além de atuar nas duas esferas do Congresso: a Câmara Federal, com o deputado federal Ivan Paixão, e no Senado, coordenando a comunicação de Eduardo Amorim.

Em seus mais de 40 anos de comunicação, Chiquinho, o “Repórter do Povo”, destacou as diversas coberturas realizadas nas Rádios Jornal e Atalaia e fez um destaque especial aos seus “professores do rádio”, como ele mesmo mencionou, a exemplo de Augusto Júnior, que o recebeu como estagiário, e Glau Peixoto, que assinou sua carteira de trabalho pela primeira vez. Também destacou a figura de Reinaldo Moura, que esteve com ele durante o auge de sua carreira, além de Evandro Castelo, Pedro Rocha e Paulo Lacerda, que foi seu diretor de jornalismo e teve importante papel na sua caminhada.

Por diversas vezes, Chiquinho falou da gratidão que tem por todos que passaram em sua trajetória de vida, sobretudo na área profissional, e recordou dos trabalhos junto a figuras como Wellington Paixão, a então secretária de Ação Social do governo João Alves, a primeira-dama Maria do Carmo – que o convidou para assumir a comunicação na gestão do secretário de Saúde Manoel Messias. Após Manoel, ele continuou na secretaria a convite do saudoso Ivan Paixão, em reconhecimento e aprovação ao seu trabalho, e permaneceu com a sucessora da pasta, Marta Barreto.

Entre tantas realizações no campo profissional, Chiquinho citou sua relação com o saudoso governador Marcelo Déda. Durante o “aceno” de Déda, Chiquinho comandava a comunicação do prefeito Fábio Henrique, em Socorro, de onde saiu exitoso de uma campanha eleitoral na equipe que era integrada por Adilson Júnior e Henrique Matos.

“O convite para integrar a comunicação do governo Marcelo Déda, como secretário adjunto, foi um momento importante da minha carreira. Fui o primeiro adjunto empossado com coletiva de imprensa e café da manhã, no Palácio de Veraneio”, recordou.

Sobre o campo político, sua primeira experiência em campanha foi atendendo um convite do então candidato Antônio Carlos Valadares.

Outro momento memorável foi a ida de Chiquinho para Itabaiana a convite de Edvan Amorim e da prefeita Maria Mendonça, para assumir a Secretaria de Comunicação. O momento também foi considerado o início da construção de Eduardo Amorim a deputado federal e assim se concretizou com sucesso.

“Tempos depois, retorno para Itabaiana, também a convite de Edvan, para conduzir, de forma direta, a comunicação da primeira campanha de Valmir de Francisquinho para prefeito, ao lado de Cícero Mendes e de Eduardo Abril”, recordou.

O livro

Ainda em fase embrionária, o livro contará todos os passos deste grande profissional da comunicação sergipana. Segundo ele, no início foi algo descartado, mas, após amigos e colegas de trabalho ressaltarem a contribuição que o livro poderia dar às atuais e futuras gerações de comunicadores, foi batido o martelo para que, em breve, possamos contar com essa verdadeira riqueza em forma de páginas.

Por Assessoria de Imprensa

Foto: Divulgação

Texto e imagem reproduzidos do site: horanews net

terça-feira, 22 de julho de 2025

Grupo Bandeirantes de Comunicação



Post compartilhado do Facebook/Loucos Por Rádio, de 22 de julho de 2025

A Rádio Bandeirantes amplia sua presença nacional com a estreia de uma nova afiliada em Brasília (DF), nesta terça-feira (22). A data não foi escolhida por acaso: é uma homenagem ao aniversário de nascimento de Jorge João Saad, fundador do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

A emissora combina jornalismo e esportes com uma programação musical contemporânea e curadoria especializada.

📷: @radiobandeirantes

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domingo, 13 de julho de 2025

Radialista Jackson Hora morre aos 69 anos em Aracaju

Foto: UFS

Publicação compartilhada dosite INFONET, de 12 de julho de 2025

Radialista Jackson Hora morre aos 69 anos em Aracaju

Ele estava internado na unidade de terapia intensiva do Hospital de Cirurgia para tratamento de saúde

Faleceu na manhã deste sábado, 12, em Aracaju, o radialista e servidor aposentado da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Jackson Alves Hora, aos 69 anos. Ele estava internado na unidade de terapia intensiva do Hospital de Cirurgia para tratamento de saúde. A informação foi confirmada pela UFS, que emitiu nota de pesar.

Servidor aposentado da UFS, Jackson exerceu ao longo de sua carreira as funções de datilógrafo, locutor e mestre de cerimônias na instituição. Desde 2013, apresentava o programa Chega de Saudade, aos sábados, das 8h às 10h, na Rádio UFS FM 104.7, atração voltada à música brasileira e às memórias afetivas dos ouvintes.

Jackson Hora teve também longa trajetória no rádio sergipano, com passagens pela extinta Rádio Difusora AM (atual Aperipê) e pela Atalaia AM. Além da carreira no rádio, foi professor aposentado da educação básica da Secretaria de Estado da Educação de Sergipe.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet com br

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Sergipe perde uma das suas maiores referências na comunicação

Post compartilhado do Perfil do Facebook/Igor Salmeron, de 18 de junho de 2025

Sergipe perde uma das suas maiores referências na comunicação
Por Igor Salmeron

Sergipe perdeu uma das suas maiores referências na seara da comunicação, sem dúvidas, a partida de André Barros deixa lacuna difícil de ser preenchida, pelo seu perene legado de competência, dedicação e compromisso. Desde os idos de 1981, o publicitário formado em 1989 se dedicou como poucos ao desenvolvimento da comunicação em Sergipe. Contabilizaram-se mais de 4 décadas de muito trabalho, sobretudo, no que se refere às áreas de publicidade, rádio e televisão.

Atuou como repórter da TV Globo e da então TV Manchete; foi Coordenador da Comunicação Social da CNI. Sua extensa trajetória passou também pela sua atuação em cargos públicos de relevo, como: Secretário de Estado da Comunicação Social. Foi ele quem fundou o Sindicato das Agências de Propaganda de Sergipe. Atuou como Diretor de Jornalismo da TV Sergipe, tendo sido também apresentador do Bom Dia Sergipe.

Na TV Atalaia foi âncora do programa Sergipe Notícias e apresentou diversos quadros em telejornais da emissora. No campo radiofônico, foi apresentador na FM Sergipe, CBN Aracaju, Rádio Liberdade, Megga Atalaia FM, tendo sido Diretor de Jornalismo. Na 103 FM e na Jovem Pan, apresentou o Jornal da Manhã com a sua voz marcante e inesquecível.

Em dias recentes estava comandando o Metropolitana News, programa da rádio Metropolitana FM. Foi colunista junto ao Jornal da Cidade e no Correio de Sergipe; tendo deixado ações exemplares para as presentes e futuras gerações. Homem de inteligência ímpar, sabia tratar todos com lhaneza ao seu redor. Preservava o seio familiar e era cônscio do quanto as amizades nos leva a lugares antes nunca imaginados.

Nos deixa aos 61 anos; sem dúvidas, uma pessoa que fará e já faz muita falta quando o assunto for comunicação em Sergipe e além-fronteiras. Dos grandes jornalistas e publicitários, terá sempre seu nome no rol dos inolvidáveis do instigante contexto histórico sergipano.

Deus forneça todo amparo nesse momento difícil a nós amigos, familiares e comunidade em geral.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Igor Salmeron