quarta-feira, 18 de junho de 2025

"Carta ao amigo André Barros...", por Tiago Hélcias


Artigo compartilhado do Blog TIAGO HÉLCIAS, de 17 de junho de 2025

Carta ao amigo André Barros: A última pauta e o adeus que nunca será definitivo 
Por Tiago Hélcias

Meu querido André,

Como é difícil escrever isso. Como é difícil aceitar que você não está mais entre nós fisicamente. Você, que ultimamente desafiou o tempo e a medicina com sua força, sua vontade de viver, sua fome de mundo.

A gente sabe que você não era unanimidade no jornalismo sergipano e nem entre os políticos  — e talvez isso te orgulhasse, do seu jeito — mas ninguém pode negar que você era um profissional de primeira qualidade. Um publicitário brilhante, um “vendedor da notícia” como ninguém. Não havia em Sergipe alguém que enxergasse com tanta precisão as entrelinhas, que soubesse interpretar os bastidores com o teu olhar analítico, apurado, quase cirúrgico. Um observador privilegiado da política, com uma inteligência afiada e inquieta. Aprendi muito com você.

Nossa amizade foi construída ao longo de décadas — dividimos bancadas de tv e rádio, dividimos os bastidores, dividimos o silêncio e os sorrisos. Nos momentos bons e nos desafiadores, você esteve lá. Aliás, sempre esteve ao meu lado. No meus momentos mais difíceis você foi o único a estender a mão, a me prestigiar. 

Quando eu deixei Sergipe profissionalmente, foi um dos poucos que continuou presente. Seguíamos trocando ideias, análises, provocações construtivas. Trocávamos pauta e fontes. Você me falava sempre dessa ânsia de viver, de experimentar a vida com toda intensidade — fosse em Aracaju ou até em outros países. Quando vim para Portugal, você foi um dos meus maiores incentivadores. Tua torcida por mim era sincera, era bonita. E recíproca.

E toda vez que eu voltava a Aracaju, o café no Shopping RioMar era lei. Nosso ponto de reencontro, de colocar a vida e as “pimentas” em dia. Em fevereiro deste ano, na minha última ida, entrei em contato como sempre. Mas não tive resposta. Estranhei o silêncio. E aí vieram as notícias difíceis dos amigos em comum.  Nas últimas semanas, passei a me comunicar com Cris — sua esposa admirável, guerreira, que esteve ao teu lado com amor e dignidade. Ela me mantinha informado, e eu retribuía com mensagens de força, com a esperança de que haveria mais um café, mais uma conversa. Mas os desígnios de Deus, André… esses a gente não questiona. Apenas aceita — com dor, mas também com gratidão.

Você me ajudou muito. Você foi espelho. Referência. Um farol para tantos que hoje se sentem órfãos de sua presença. Um cara que sabia provocar, mas também acolher. Que se metia nas polêmicas, mas nunca se esquivava do debate. Que carregava no peito a coragem de quem nunca foi raso.

A sua partida me confronta mais uma vez com a finitude da vida, com a urgência de viver com verdade, com entrega. Você fez isso. Viveu como quis. Pagou o preço de ser autêntico. E deixou sua marca — em mim, em muitos colegas, no jornalismo sergipano e na vida de quem teve o privilégio de estar perto de você.

Não é um adeus. É um até logo. Um até breve.

Siga em paz, meu irmão. Obrigado por tudo.

Com saudade e respeito!

Texto e imagens reproduzidos do blog: tiagohelcias blogspot com

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