Texto publicado originalmente no Perfil do Facebook/Antonio Samarone, em 1 de janeiro de 2023
Por Antonio Samarone*
“Pode me chamar de Magá, que eu não me incomodo”.
Carlos José Magalhães de Melo é sergipano de Propriá, filho do médico humanista Carlos Melo. Magá nasceu em 24 de março de 1938.
Chegou à Aracaju aos sete anos, veio estudar no Colégio Salvador. Fez o ginásio no Jackson de Figueiredo, passou pelo Atheneu e formou-se em odontologia em Alagoas. Depois de formado retornou a Aracaju.
Sanitarista formado no Rio de Janeiro, na escola de Oswaldo Cruz, Carlos Magalhães assumiu a Secretaria Municipal de Saúde do Aracaju, durante as gestões de Aloiso Campos e Cleovansóstenes Pereira de Aguiar.
A Saúde municipal consistia em meia dúzia de postinhos, com Magalhães, a Secretaria assumiu os programas de saúde pública.
Carlos Magalhães foi professor titular de Odontologia Preventiva e Social na Universidade Federal de Sergipe.
Magalhães foi o primeiro Secretário de Turismo em Sergipe. Em 1972, o Governador Paulo Barreto criou a EMSETUR e convidou Carlos Magalhães para presidi-la.
Carlos Magalhães começo muito cedo no Rádio. Ainda estudante em Alagoas, Magá trabalhou na Rádio Gazeta.
Em Aracaju, foi recrutado pelo grande Raimundo Luiz para trabalhar no jornalismo esportivo na Rádio Cultura. Ao lado de Wellington Elias, formou a dupla mais importante do jornalismo esportivo sergipano.
Houve um tempo que o futebol sergipano era mais emocionante no rádio do que no campo. Cansei de passar as tardes do domingo na rede, ouvindo Carlos Magalhães cantar as vitórias do Itabaiana.
A grandeza das transmissões de Carlos Magalhães, transformava qualquer Sergipe X Maruinense, numa final de Copa do Mundo.
Magalhães transmitia uma partida no acanhado estádio do Galo do Sertão, como se estivesse no Wembley Stadium, em Londres. O futebol sergipano deve muito a Magá. O grito de gol de Carlos Magalhães ecoava aos domingos à tarde, em cada canto de Sergipe.
A minha memória guarda a voz, a entonação, o talento de Waldir Amaral e Carlos Magalhães. Quem não sabe quem foi Waldir Amaral, eu não sei como explicar.
Carlos Magalhães é um conservador democrata!
Quando prestei concurso para a UFS, a banca examinadora, por razões políticas, cogitou me reprovar, mesmo eu tendo sido o candidato com a maior nota. “Como vamos aprovar um comunista para ser professor de medicina”, indagou um membro da banca. Carlos Magalhães, outro membro da banca reagiu: vamos aprovar o melhor, não aceito veto político. E assim aconteceu.
Nunca contei esse episódio. Eram tempos trevosos, mesmo assim, Carlos Magalhães não aceitou discriminações. Eu continuo dando aulas na UFS, resistindo a aposentadoria.
Magalhães é casado com a enfermeira e professora Maria Scandian, com 4 filhos: Ricardo, Roberto, Raquel e Rosana.
Longa vida para Carlos Magalhães!
* Antonio Samarone. (médico sanitarista)
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone
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