Publicação compartilha do site JLPOLÍTICA, de 12 de setembro de 2022
Por Edson Júnior (Coluna Aparte)
A crônica esportiva sergipana perdeu na sexta-feira passada, dia 9, um dos seus maiores expoentes. O mestre do rádio e da televisão, Wellington Elias da Paixão, o querido Diabinho, como era carinhosamente tratado no meio esportivo, morreu aos 95 anos. O corpo dele foi sepultado no sábado, 10, no Cemitério Colina de Saudade, em Aracaju. Ele e sua essência, no entanto, jamais morrerão.
O rádio e a televisão sergipana praticamente nasceram com Wellington Elias, e gerações de cronistas foram formadas por esse mestre do improviso. Da notícia respeitada. Com o Diabinho, não tinha pauta, nem produção. A coisa era feita no gogó, do jeito que o povão entendia. E assim conquistou o coração dos sergipanos.
Wellington Elias não tinha papas na língua. Mandava um “vá se arrombar” e um “vá pra casa da peste” em seus comentários sem qualquer cerimônia. Mas o fazia sem nenhum vestígio de ódio, nem em busca cega por audiências. Era pura figura de linguagem que divertia a quem o ouvia, mas advertia os personagens alvos da crítica.
O Diabinho falava o que pensava em sua “pauta” de improviso, e sem machucar ou agredir ninguém. E no elogio, não fazia bajulação. Tinha a justa medida do que dizia, assim como fazem todos os mestres. Wellington Elias era dos bons.
No costumeiro gesto crítico do polegar pra baixo, seguido do labial “pruuuuuuuu”, que fazia em muitas das suas crônicas, a galera ia ao delírio e entendia o tom da crítica cáustica. O gesto virou bordão nos bate-papos de boleiros. E virou sinônimo de genuíno.
Era comum no calçadão da João Pessoa se ouvir um “pruuuuuuuu” dos cronistas populares. Quem passava e ouvia aquele “pruuuuuu”, sabia que ali existia um Wellington Elias. Na crônica esportiva, ele era onipresente!
Suas duas paixões no futebol, me advertiu o amigo Elton Coelho em um comentário no instagram: o Botafogo e o Sergipe.
Agora, no seu descanso eterno, nosso irreverente Wellington Elias deixa uma silenciosa crônica cravada para sempre no coração de todos que o ouviram e que o viram ditando decência no rádio e na TV. Seu nome está no panteão da crônica esportiva sergipana.
O Diabinho, com suas generosas diabruras, deixa saudade e não tristeza. Esse sentimento ele não carregava, nem passava para seus ouvintes ou telespectadores. Ele era a alegria personificada em comunicação social. O personagem ranzinza no microfone ou em frente às câmeras era um ser humano de pura beleza e vasta gentileza.
Wellington Elias fez e disse tudo o que quis, sem medo de expor suas opiniões. Era autêntico, e quem não gostasse da crítica recebia aquele um “vá se arrombar” com o sorriso maroto do travesso Diabinho.
Com a partida dele, ficam a saudade e o agradecimento por toda contribuição e momentos de alegria que Wellington Elias proporcionou ao rádio, à televisão, mas, principalmente, aos seus telespectadores e ouvintes.
Hoje não tem "pruuuuu". Hoje é dia de um salve Wellington Elias! Valeu, Diabinho: que você certamente possa se haver bem aí com Deus.
Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário