Publicação compartilhada do site POCAOLHO, em 4 de novembro de 2021
Os 62 anos da Rádio Cultura
Por Antônio Passos
A Rádio Cultura de Sergipe completa 62 anos de fundação neste mês de novembro – uma emissora cuja idade não se conta só em números, mas também em virtudes longamente cultivadas.
Comecei a ouvir a AM 670 entre as décadas de 1960 e 1970. Sei disso por lembrar que já a ouvia em Nossa Senhora das Dores, cidade na qual nasci e morei até os seis anos de idade. A voz grave e metálica de Dom Luciano José Cabral Duarte, as “Crônicas da Ave-Maria” escritas pela professora Lindalva Cardoso Dantas, ecos de música erudita são sonoridades que marcaram o meu período dorense de audição radiofônica.
O site da emissora diz que em 1991 a Rádio Cultura passou a ser administrada pela Comunidade Católica Shalom, voltando para a gestão da Fundação Arquidiocesana de Cultura em 2016. Recentemente fiquei sabendo, com tristeza, que durante a gestão da Comunidade Shalom ocorreu a retirada do ar de um dos maiores, senão o maior cronista sergipano do século XX, Petrônio Gomes.
Hoje a emissora transmite em sua programação um misto de momentos que acenam para as tradições que a consolidaram, entremeados a outros que incorporam as novas tendências vinculadas ao esforço de massificação do catolicismo. Aí entram os padres “pop stars” que ocupam grande parte das manhãs.
Mas, felizmente para este velho ouvinte, os ecos da tradição permanecem. Ecos esses que podem ser ouvidos no programa dominical “Hoje é dia de retreta”, conduzido por Jairo Alves de Almeida. Também avalio que o Padre Manoel Barbosa, aos domingos, tem dado boa continuidade ao longevo programa “A hora católica”. Aos sábados encontro uma sequência que me agrada, começando às seis da manhã com “Paz e Bem”, conduzido pelo Frei Genilton Costa, e continuando com “A Voz do Pastor” apresentado pelo Arcebispo de Aracaju, Dom João José Costa. Certamente, há muitos outros bons momentos que escapam à minha rotina.
No Dia de Finados, sintonizei a AM 670 por volta das oito da manhã, enquanto preparava o meu café. Porém, ato contínuo, resolvi desligar o rádio, optei pelo silêncio. Um som bate-estaca musical não me soou condizente com a data. Senti saudade do tempo quando, em dias de finados e em outras datas graves e solenes, a Rádio Cultura de Sergipe tocava exclusivamente música erudita instrumental, sem interrupções. Senti saudade da indução à introspecção que aquelas sonoridades me causavam, fazendo pressentir que o sentimento religioso não se esgota ou se resume em estardalhaços ou em amenidades.
Amparado em tais memórias, faço votos de vida longa para a Rádio Cultura de Sergipe!
Texto e imagem reproduzidos do site: pocaolho.com.br
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