Foto de arquivo pessoal, reproduzida do site
emcimadolance e postada pelo blog Sintonia...
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Texto publicado originalmente no site do Portal FAXAJU, em
15 de julho de 2020
Morre o radialista João Muniz, ex-comunicador da Rádio
Esperança
Faleceu na madrugada de hoje, 15/07/2020, na cidade de
Estância, o Radialista João Muniz de Freitas, aos 79 anos, um dos mais antigos
do interior do Estado. João, que era deficiente visual, trabalhou na rádio
Esperança, quando era na AM (Amplitude Modulada).
O ex-comunicador que realizava um programa esportivo na
rádio Mar Azul FM de Estância, nasceu no dia 15 de outubro de 1941 na pequena
Praia do Espírito Santo, hoje cidade de Indiaroba/SE. O radialista faleceu
suspeito de Covid-19.
Neste momento tão difícil e de dor, o site Gazeta de
Estância, presta condolências aos familiares e amigos, rogando a Deus para que
conforte seus corações, dando força e sabedora.
Da Gazeta de Estância.com.br
BIOGRAFIA
Sua paixão pelo rádio surgiu ouvindo as rádios Sociedade da
Bahia, a Clube de Pernambuco, a Globo do Rio e a Esperança de Estância.
Se fossemos descrever a vida desse homem ao pé da letra, sem
sombra de dúvida daria um grande livro biográfico. Aqui estão somente alguns
traços colhidos do próprio homenageado, quando estivemos em sua residência, no
dia 16 de abril de 2000. Conhecemos João Muniz mais de perto no ano de 1991,
quando fomos trabalhar na Rádio Esperança, e lá fomos mais um companheiro de
JM.
João Muniz de Freitas é seu nome de batismo. Nasceu no dia
15 de outubro de 1941 na pequena Praia do Espírito Santo, hoje cidade de
Indiaroba/SE. Ele é filho de Áurea Garcez Freitas e João Muniz de Freitas. Aos
8 anos de idade, veio morar em Estância com seus pais e seus irmãos: Irineu,
Francisco, Judite, Valter, Isabel e Valdemir. Estudou até a 7ª série no Grupo
Gumersindo Bessa (hoje prédio da DRE-1) com a professora Rute. Depois que saiu
do Gumersindo, foi ser aluno na Escola da Professora Caçula (Praça da
Bandeira), e mais tarde na Escola de Elizete, filha de Diocrildes (Rua Tobias
Barreto), desta teve que sair porque a sua visão estava fraquejando.
Quando a professora Elizete mandou o menino João Muniz para
casa, e ele, assim que chegou comunicou o porquê à sua mãe, dona Áurea, ela
pensou que seu filho estava praticando coisas desagradáveis na escola, aí teve
que procurar a professora para saber o motivo verdadeiro da sua liberação.
Sendo informada do problema de visão que João Muniz estava apresentando, dona
Áurea procurou Dr. Edson Brasil, que por sinal, era seu primo, e possuía uma
Clínica em Aracaju. A sua tia, Judite, foi quem o levou para se consultar com
Dr. Brasil. Examinando-o, ele informou que o paciente era portador de sífilis
(doença contagiosa produzida pelo Treponema Pallidu). O médico garantiu que a
doença não era grave, e que João Muniz ia ficar bom. Na adolescência, João
sofria de miopia.
CORRENDO ATRÁS DA VISÃO
Morando na Rua Camilo Calazans (antiga Rua do Pilar), João
Muniz perdeu o pai. Sua mãe continuou lutando com o problema de sua visão. Ela
lavava e engomava roupas para Dr. Paulo Amaral, dona Neném do Priapu e para
outras pessoas de Estância. D. Áurea também vendia fato de boi na feira. João
Muniz ficou indo durante três meses ao Dr. Brasil. Passado esse tempo, e não
vendo melhora nas vistas do seu filho, dona Áurea pediu à sua irmã, Judite,
para perguntar ao médico se seu filho ia ficar realmente melhor. Sem condições
financeiras para continuar com o tratamento, dona Áurea foi obrigada a parar.
Após dois anos sem levar João Muniz a um oftalmologista, dona Áurea ouviu os
vizinhos falarem que na cidade de Simão Dias/SE, havia chegado um “oculista”
muito bom, por nome de Dr. Augusto. Imediatamente João Muniz foi conduzido até essa
cidade por sua mãe e sua tia. Sendo examinado por esse especialista, ele disse
que João Muniz estava com sífilis, a mesma doença que o Dr. Brasil já tinha
dito. Em seguida ele passou seis caixas de injeções e pediu que, quando os
tomasse, voltasse lá. Mais uma vez dona Áurea não teve dinheiro para continuar
a lutar pela visão do seu filho.
Parando de procurar os “médicos de olhos”, dona Áurea
comprou uma casa na Rua dos Ferreiros, e João Muniz, enxergando pouco, foi
ajudar sua mãe.
Com a chegada do seu irmão primogênito, Irineu, vindo da
cidade de Mata de São João/BA, ele teve como surpresa a deficiência visual de
seu irmão João Muniz, o caçula da família. Após sair de Estância, porque não
tinha dado certo o ramo de comércio, que gostaria de ter por Estância, seu
irmão foi morar com sua família em Arapiraca/AL. Lá, pediu para que sua irmã,
Valdemir, trouxesse João Muniz. Pela terceira vez ele foi levado para
tratamento visual. Chegando lá, o oftalmologista não lhe deu uma resposta segura
de que ele podia ficar melhor. Já com a visão abalada, João Muniz sentia
bastante dificuldades para ver as coisas ao seu redor com clareza. Ele passou
trinta dias em Alagoas com seu irmão. Depois, Irineu foi morar em Salvador/BA,
e João Muniz teve que ir com ele. Enquanto seu irmão não encontrava emprego,
ambos tiveram que ficar na casa de sua tia Maria, no bairro Jardim Cruzeiro.
Quando Irineu encontrou emprego para administrar uma fazenda na cidade
Maraú/BA, pela quarta e última vez, João Muniz foi submetido a mais um
oftalmologista, desta feita, o Dr. Fernando. Este garantiu que, depois de uma
cirurgia, João Muniz poderia ficar bom. A cirurgia foi particular, porém, não
houve sucesso. João Muniz ficou cego dos dois olhos.
A VIDA CONTINUA
Ao retornar da Bahia, convencido de que o seu problema de
visão não tinha mais cura, João Muniz tornou-se amigo de Cosme e juntos foram
aprender a tocar violão com o professor João Ágda, na Rua Veríssimo Viana
(antiga Rua da Chapada). Aprendendo o ofício, João Muniz foi convidado para
fazer parte de um regional pertencente ao clarinetista Ezequiel (músico da Lira
Carlos Gomes). Tocava em várias cidades como Santa Luzia do Itanhi, Pedrinhas,
Umbaúba e outras.
Deixando o conjunto de Ezequiel, João Muniz passou a ser componente
do grupo musical de forró, “Trio Sertanejo”, no qual ficou durante quatro anos.
A CAMINHO DO RÁDIO
Com a desconjuntura do “Trio Sertanejo”, João Muniz ficou
desempregado. Não tendo nada para fazer, ia ouvir rádio, de preferência aquela
que noticiava assuntos esportivos como: Rádio Sociedade da Bahia, Rádio Clube
de Pernambuco, Globo do Rio de Janeiro e também Rádio Esperança, na qual jamais
imaginava um dia trabalhar nela.
João Muniz conta que era ouvinte assíduo do programa “A
Esperança nos Esportes”, apresentado por Vanderlei Silva e José Hora. Segundo
João Muniz, quando Vanderlei tomou conhecimento que ele gostava de futebol e
poderia colaborar com o programa, pediu que seu companheiro José Hora
mantivesse um contato com ele, que de imediato aceitou contribuir, passando em
seguida as informações do futebol nacional para eles.
Toda à tarde João Muniz se dirigia à residência de Vanderlei
Silva, e lá ditava as notícias para o mesmo bater à máquina. Ele recorda que
recebia por esse trabalho a quantia de 20 cruzeiros das mãos do próprio
Vanderlei. “Dez era de Vanderlei e os outros dez, eram de José Hora”, contou
João.
NA RÁDIO ESPERANÇA
Em 1968, um ano após a fundação da Rádio Esperança, José
Hora foi afastado da emissora, passando o programa a ser apresentado somente
por Vanderlei Silva, que mais tarde, veio também a deixar a rádio. Com a sua
saída, Vanderlei indicou ao diretor dessa emissora, Milane, o nome de João
Muniz para lhe substituir. Então Milane, foi até à residência de João Muniz e convidou-o
para trabalhar na Rádio Esperança, dizendo-lhe que antes ia participar a Dr.
Jorge, proprietário da emissora.
Assim que esteve com Dr. Jorge, Milane retornou à casa de
João Muniz e contou-lhe que o doutor queria conversar com ele. O emprego ficou
certo, e João Muniz no dia seguinte começou a trabalhar na rádio, mas sem
utilizar o microfone.
João Muniz pegava no serviço às 3 e só saía às 7 horas da
noite. Nesse horário, ele passava as notícias do futebol para o locutor Sivaldo
Santana (Hiper Som) falar no ar juntamente com José Carlos. Depois que José
Carlos saiu da rádio, o programa de esportes ficou aos cuidados de Sivaldo. Aos
domingos, José Carlos era que também apresentava o “Tarde Esportiva Dançante”,
e com a sua demissão, João Muniz foi quem passou a ser o seu apresentador.
Acometido por um acidente automobilístico, Sivaldo Silva,
que ficou como titular do programa de esportes da Rádio Esperança, foi afastado
durante três dias do rádio e o programa, na época, era patrocinado pela
Antarctica, e João Muniz, confiante no que desenvolvia na emissora, foi
procurar Milane (diretor) no Banco do Brasil, do qual era funcionário também,
para pedir-lhe que pudesse apresentar o programa A Esperança nos Esportes, e
assim o diretor o deixou.
Quando o programa estava no ar, Milane se dirigiu até a
rádio para pedir a João Muniz que não o colocasse no ar, porque Dr. Jorge
estava viajando e podia não gostar da sua decisão, mas já era tarde. O programa
chegou ao seu final, e o diretor Milane abraçou João Muniz e o chamou de
“gênio”, garantiu-lhe que assim que Dr. Jorge chegasse do Rio de Janeiro,
conversaria com ele a seu respeito. E assim Milene cumpriu o que prometeu a
João Muniz.
Dr. Jorge recebeu a informação de Milane e disse a João
Muniz que ele podia apresentar o programa, disse-lhe ainda que iria ouvi-lo. No
outro dia, ele procurou João Muniz e declarou ter gostado da sua locução,
contudo, era para ele fazer os próximos programas gravados, alegando-lhe que
precisava melhorar o português, e assim avisou que as operadoras Denilza
Miranda e Maria José (Zezé) gravassem o programa com ele, e ao mesmo tempo
fossem corrigindo os equívocos apresentados.
Melhorando-se no português e dando defeito no gravador, João
Muniz teve a oportunidade de conduzir ao vivo o programa A Esperança nos
Esportes.
Hoje aposentado pela Rádio Esperança e casado com Maria de
Lourdes, João Muniz possui quatro filhos: Leila, Márcia, Flávio e Eduardo. No
Congresso dos Radialistas, em Itabaiana, João Muniz foi homenageado. Ele disse
que o radialista Francis de Andrade, diretor da Rádio Princesa da Serra, à
época, teria lhe convidado para trabalhar nessa emissora, como plantonista
esportivo, mas não aceitou, dizendo que só aceitaria no dia em que Dr. Jorge
não o quisesse mais como seu funcionário.
João Muniz reside na Rua “A”, 192 do Bairro São Jorge. Ele
já recebeu o título de Cidadania Estanciana, a nosso pedido, da Câmara
Municipal, sendo o autor desse projeto, o então vereador Acrísio Assunção.
Biografia por Magno de Jesus
Texto reproduzido do site: faxaju.com.br
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