O poder do rádio: A Guerra dos Mundos de Orson Welles
Por Francisco Ferraz
No final dos anos 30, o rádio possuía a mesma importância
que tem hoje a televisão na sociedade moderna. Desde os anos 20, o veículo
vinha se aprimorando tecnologicamente e, desta forma, se colocando como
alternativa de informação e entretenimento ao lado do jornal impresso, até
então a única fonte confiável de informação.
A evolução tecnológica fez com que o rádio ganhasse
credibilidade e se tornasse cada vez mais ágil e atraente. O uso do telefone
pelas emissoras foi uma revolução no jornalismo da época, pois possibilitava as
transmissões dos acontecimentos ao vivo, no momento em que eles estavam
ocorrendo.
Para aquela época, era um grande avanço, e fascinava os
milhões de radiouvintes espalhados por todo o mundo. O veículo tornou-se um
sucesso total e as pessoas já não podiam viver sem o seu “aparelho receptor”.
Ele estava em casa, no trabalho, na rua, no carro, ou seja, em toda a parte.
Orson Welles mostra o potencial do rádio
No dia 30 de outubro de 1938, um fato inesperado veio
demonstrar a importância que o rádio alcançara na sociedade americana. Às nove
horas da noite, a rádio norte-americana Columbia Broadcasting System, a CBS,
transmitia para os EUA o programa Radio Teatro Mercury.
A dramatização, transmitida às vésperas do Halloween (dia
das bruxas) em forma de programa jornalístico, tinha todas as características
do radio jornalismo da época, às quais os ouvintes estavam acostumados.
Reportagens externas, entrevistas com testemunhas que estariam vivenciando o
acontecimento, opiniões de peritos e autoridades, efeitos sonoros, sons
ambientes, gritos, a emoção dos supostos repórteres e comentaristas. Tudo dava
impressão de o fato estar sendo transmitido ao vivo. A peça a ser transmitida
naquela noite era “A Invasão dos Marcianos”, uma adaptação da obra “A Guerra
dos Mundos”, do escritor inglês H.G.Wells.
No roteiro, centenas de seres extraterrestres vindos do
planeta Marte descem, com suas naves fantásticas, numa pequena cidade do estado
de New Jersey, chamada Groover’s Mill.
A obra de H.G.Wells foi adaptada para o cinema
duas vezes:
em 1953 e em 2005
Herbert George Wells foi um dos precursores da literatura de
ficção científica. O seu livro A Guerra dos Mundos, tendo Londres como cenário
e publicado em 1898, era uma de suas obras mais conhecidas. Ele escreveu num
estilo bastante jornalístico e tecnologicamente atualizado para sua época.
A produção e direção do programa foram de autoria do então
jovem e desconhecido ator e diretor norte-americano Orson Welles, que na
ocasião tinha 23 anos.
A CBS calculou, na época, que o programa foi ouvido por
cerca de seis milhões de pessoas, das quais, metade passou a sintonizá-lo
quando já havia começado perdendo a introdução que informava tratar-se do radio
teatro semanal.
O efeito foi, literalmente, extraordinário. Calcula-se que
pelo menos 1,2 milhão de ouvintes tomaram a dramatização como um fato real,
acreditando que estavam acompanhando uma reportagem verdadeira. Este “engano”
causou uma série de problemas: sobrecarga de linhas telefônicas, aglomerações
nas ruas, congestionamentos de trânsito.
As estimativas dizem que entre um e dois milhões de ouvintes
zapeavam seus rádios naquela noite. Os que chegaram à CBS encontraram Guerra
dos Mundos a pleno vapor, com a música da Ramon Raquelo Orchestra, transmitida
direto do Meridiam Room do Park Plaza Hotel em Nova York interrompida
abruptamente pela notícia da queda de um meteoro e a entrevista com um
astrônomo da Universidade de Princeton sobre estranhas explosões na superfície
de Marte. Poucos notaram que o famoso professor Richard Pierson, de quem
ninguém poderia ter ouvido falar, pois não existia, tinha a voz de Orson
Welles. Já a música era tocada pela orquestra da rádio sob a regência de
Bernard Herrman, futuro autor da trilha sonora de Psicose.
A transmissão continuava interrompendo a programação normal
de forma crescente até que o repórter Carl Phillips passava a transmitir em
tempo integral de Grover’s Mill, onde descobriu-se que o meteoro era um
cilindro de metal. A tensão foi construída cuidadosamente, utilizando
entrevistas com autoridades e uma nervosa descrição do monstro saindo do
cilindro, que o ator Frank Readick baseou na famosa transmissão do incêndio do
dirigível Hindenburg. O primeiro confronto terminou com 40 mortos. No segundo
ataque, 7 mil homens do exército, armados com rifles e metralhadoras, foram
aniquilados com raios de calor. Novos cilindros foram localizados. Os marcianos
prosseguiram para Manhattan, destruindo e matando com gás venenoso, enquanto a Inglaterra,
França e Alemanha ofereciam ajuda. A situação era desesperadora.
O tamanho do medo
Tantos anos depois, é difícil saber o que realmente ocorreu
naquela noite e qual o tamanho da reação do público. Permanece a ideia de
pânico generalizado, telefonemas desesperados para a polícia, grupos armados
saindo pela noite em busca dos marcianos, pessoas cobrindo as janelas com panos
úmidos e americanos preferindo o suicídio à morte por gás venenoso, como se
todo o país tivesse acreditado estar ouvindo uma descrição real de uma invasão
do espaço.
Welles chegou a dizer que a polícia foi ao estúdio, mas
nenhum outro participante da transmissão disse ter visto o mesmo. Davidson
Taylor, supervisor da CBS, queria que Welles interrompesse a transmissão e
tranquilizasse os ouvintes que bloquearam as linhas da rádio. Welles teria
recusado, dizendo que o público tinha mesmo é de ficar apavorado.
A transmissão durou uma hora, mas, antes que ela findasse,
milhares de pessoas, nos Estados Unidos, – por mais extraordinário que pareça!
– rezavam, choravam, fugiam espavoridas ante o avanço dos habitantes de Marte!
Outros despediam-se dos parentes, pelo telefone, preveniam os vizinhos do
perigo que se aproximava, procuravam notícias nos jornais ou noutras estações
de rádio, pediam ambulâncias aos hospitais e automóveis à Polícia.
Mais tarde, centenas de pessoas foram ouvidas, num grande
inquérito científico realizado pelo psicólogo social Hadley Cantrill. Eis
alguns trechos de depoimentos:
MRS. FERGUSON, doméstica de New Jersey: “…Senti que era
qualquer coisa de terrível e fui tornada de pânico… Decidimos sair, levámos
mantas…
JOSEPH HENDLEY, do Médio Oeste: “…Caímos de joelhos e toda a
família rezou…
ARCHIE BVRBANK, encarregada de uma bomba de gasolina: “…O
locutor foi asfixiado, por ação dos gases: a estação calou-se. Procurámos
sintonizar outra emissora, mas em vão…Enchemos o depósito do carro e
preparámo-nos para fugir, o mais depressa possível…”
MRS. JOSLIN, de uma cidade do leste: “…Quando o locutor
disse – Abandonem a cidade! – …agarrei o meu filho nos braços, e precipitei-me,
pela escada abaixo…”
MRS. DELANEY, dos subúrbios de Nova York: “…Segurava um
crucifixo e olhava pela janela, à espera de ver cair meteoros…”
HELEN ANTHONY, colegial de Pensylvania ,: “… .Duas amigas
minhas e eu chorávamos, abraçadas, e tudo nos parecia supérfluo, ante a
proximidade da morte…
UM ESTUDANTE: “…Cheguei à conclusão de que não havia nada a
fazer. Imaginámos que nossos parentes e amigos haviam morrido. Percorri
quilómetros em 35 minutos sem saber o que fazia…”
O pânico paralisou três cidades localizadas perto do local
em que Orson Welles situou a história. Para dar uma idéia do tumulto causado
pelo programa de Welles, basta descrever a manchete do jornal New York Times do
dia seguinte:
“Ouvintes de rádio em pânico tomam drama de guerra como
verdade”.
A peça radiofônica, de autoria de Howard Koch, com a
colaboração de Paul Stewart e baseada na obra de Wells (1866-1946) ficou
conhecida também como “rádio do pânico”.
A transmissão de A Guerra dos Mundos foi também um alerta
para o próprio meio de comunicação “rádio”. Ficou evidente que sua influência
era tão forte a ponto de poder causar reações imprevisíveis nos ouvintes. A
invasão dos marcianos não só tornou Orson Welles mundialmente famoso como é,
segundo cientistas de comunicação, “o programa que mais marcou a história da
mídia no século 20”.
O roteiro fora reescrito pelo próprio Orson Welles
(1915-1985). Na peça, ele fazia o papel de professor da Universidade de
Princeton, que liderava a resistência à invasão marciana. Orson Welles combinou
elementos específicos do radio teatro com os dos noticiários da época (a
realidade convertida em relato).
A transmissão de Guerra dos Mundos gerou o programa de
Defesa Civil dos Estados Unidos, foi usado por Hitler em um discurso como
exemplo da fraqueza dos Estados Unidos e objeto do primeiro estudo acadêmico
sobre histeria em massa. O sucesso deu ao Mercury Theater um patrocinador, as
sopas Campbell, que trocou o nome do programa para The Campbell Playhouse,
assegurou a Welles o contrato com a RKO que o levou a dirigir Cidadão Kane, e a
Koch um lugar na Warner, onde ele ganhou o Oscar com o roteiro de Casablanca.
Deve-se ressaltar que só o rádio poderia provocar um fato
deste tipo, pois ele tem o poder de fazer com que o ouvinte crie, no seu
imaginário o seu próprio cenário, por mais que as descrições sejam feitas pelo
narrador. Esta magia se mantém viva até hoje, por isso a mensagem via rádio tem
suas peculiaridades e o candidato, ao fazer sua publicidade, deve estar atento
a elas.
Abaixo transcrevemos o trecho inicial do script radiofônico
feito por Orson Welles no dia 30 de outubro de 1938, no programa “Mercury
Theatre”, da CBS, adaptado do clássico de H.G.Wells. Note as artimanhas usadas
para prender a atenção dos ouvintes, principalmente as descrições de ambientes
e fatos e os efeitos sonoros, típicos da linguagem do rádio.
(A introdução, que muita gente não ouviu, informava que o programa a seguir era o 17º da série
semanal de adaptações radiofônicas realizadas no Radioteatro Mercury por Orson
Welles. Para muitos que não a escutaram a reportagem descrita por Orson Welles
era um fato que estava ocorrendo e narrado ao vivo.)
A Guerra dos Mundos Transcrição abaixo
Narrador:
“Sabemos agora que, desde os primeiros anos do século vinte,
nosso mundo vinha sendo observado por inteligências superiores às do homem e,
ainda assim, tão mortais quanto nós. Sabemos agora que enquanto os seres
humanos viviam entregues aos seus afazeres eram examinados e estudados, talvez
quase tão de perto quanto um homem ao microscópio pode examinar os organismos
efêmeros que pululam e se multiplicam numa gota d’água. Com infinita satisfação
as pessoas andavam para cá e para lá, tratando de seus pequenos negócios
terrenos, na tranquila certeza de seu domínio sobre este pequeno e rodopiante
fragmento de matéria solar, que por acaso ou destino o homem herdou do negro
mistério do Tempo e do Espaço.”
“No entanto, através do imenso abismo etéreo, mentes que
estão para as nossas como as nossas para as feras na selva, imensos cérebros
frios, sem simpatia, fitavam esta terra com olhos invejosos e, de modo lento e
seguro, traçavam seus planos contra nós. No trigésimo nono ano do século vinte
ocorreu a grande desilusão”
Deixa do locutor: Nas próximas 24 horas haverá pouca
alteração de temperatura…Este informe meteorológico é de responsabilidade do
Instituto de Meteorologia.
Locutor Dois: Agora vamos transmitir do Meridian Room, do
Park Plaza Hotel, bem no centro de Nova York, onde ouviremos a música de Ramon
Raquello e sua orquestra.
Locutor Três: Com seu toque muito pessoal, Ramon Raquello
inicia com “La Cumparsita”. (começa a música)
Locutor Dois: Senhoras e senhores, interrompemos nosso
programa musical para levar a vocês um boletim especial da Agência de Notícias
Intercontinental. Às 19h40, hora central, o professor Farrell, do Observatório
de Monte Jennings, Chicago, Illinois, comunicou estar observando a ocorrência
de várias explosões de gás incandescente, a intervalos regulares, no planeta
Marte.
O espectrocópio indica que o gás é o hidrogênio e está se
movendo com enorme velocidade rumo à Terra. O prof. Pierson, do Observatório de
Princeton, confirma a observação de Farrell, e descreve o fenômeno como “igual
a um jato de chama azul lançado de uma espingarda”.
Agora fazemos com que voltem à música de Ramon Raquello. (a
música toca por alguns momentos até que o número acaba … sons de palmas)
Locutor Dois: Sras e Srs, dando prosseguimento às notícias
de nosso boletim de momentos atrás, o Instituto de Meteorologia solicitou aos
principais observatórios do país que se mantenham em vigília astronômica para
detectar quaisquer perturbações que ocorram no planeta Marte. Devido à natureza
incomum dessa ocorrência, conseguimos uma entrevista com o conhecido astrônomo
Prof. Pierson, que nos dará suas impressões do fato. (volta a música)
Locutor Dois: Estamos prontos para levá-los ao Observatório
de Princeton, onde Carl Phillips, nosso comentarista, entrevistará o famoso
astrônomo Prof. Richard Pierson.
Phillips: Aqui é Carl Phillips, falando-lhes do Observatório
de Princeton. Encontro-me de pé numa vasta sala semicircular, escura como o
breu, a não ser por uma fenda oblonga no teto. O prof. Pierson está diretamente
acima de mim, numa pequena plataforma, espiando através das lentes gigantes.
Professor, posso dar início às perguntas?
Pierson: Quando queira, sr. Phillips.
Phillips: Professor, poderia contar a nossos ouvintes
exatamente o que o Sr. vê quando observa o planeta Marte através de seu
telescópio?
Pierson: Nada fora do comum, no momento, senhor Phillips. Um
disco vermelho nadando em mar azul.
Phillips: Sendo assim, que explicação tem para estas erupções
de gás que estão ocorrendo na superfície do planeta a intervalos regulares?
Pierson: Sr. Phillips, não sei como explicá-las.
Phillips: Prof. Pierson, quanto dista Marte da Terra?
Pierson: Aproximadamente 64 milhões de quilômetros.
Phillips: Bem, parece uma distância bastante
tranqüilizadora. Um momento, senhoras e senhores, alguém acaba de entregar um
telegrama ao professor Pierson. Professor, posso ler o telegrama para os
ouvintes?
Pierson: Certamente, senhor Phillips.
Phillips: Senhoras e senhores, lerei agora um telegrama
dirigido ao professor Pierson pelo Dr. Gray, do Museu de História Natural de
Nova York: “9,15 p.m. Sismógrafo registrou choque de intensidade quase de
terremoto ocorrendo dentro de um raio de 32 km em torno de Princeton. Por favor
investigue. Assinado Lloyd Gray. Chefe da Divisão Astronômica”. Professor
Pierson, poderia esta ocorrência ter algo a ver com as perturbações observadas
em Marte?
Pierson: Dificilmente, sr. Phillips. Isto é provavelmente um
meteorito de tamanho fora do comum, e sua chegada nessa hora não passa de uma
coincidência. No entanto, efetuaremos uma pesquisa.
Phillips: Obrigado, professor. Voltaremos agora para nossos
estúdios em Nova York.
Locutor Dois: Senhoras e Senhores, aqui o último boletim da
Agência de Notícias Intercontinental: Às 8,50 p.m. um enorme objeto flamejante,
que se julga ser um meteorito, caiu numa fazenda nas vizinhanças de Grovers
Mill, Nova Jersey, distante 35 km de Trenton. O clarão no céu foi visível
dentro de um raio de várias centenas de quilômetros e o estrondo do impacto foi
ouvido até em Elizabeth, no norte. Despachamos uma equipe volante para o local,
e nosso comentarista, sr. Phillips, lhes fará uma descrição a viva voz logo que
chegue lá.
Phillips: Bem, eu … eu nem sei como começar, para
pintar-lhes com palavras a estranha cena que tenho diante de mim, algo como que
saído de uma moderna história das Mil e Uma Noites. Bem, mal acabo de chegar.
Ainda não tive ocasião de examinar o ambiente. Acho que está ali. Acho que é a
… Coisa, bem na minha frente, meio enterrada num imenso buraco. Deve ter batido
com uma força terrível. Pelo que posso ver … o objeto parece com um cilindro de
enorme tamanho. Deve ter um diâmetro de… 27 metros. O metal de revestimento é …
bem. Nunca vi nada igual. A cor é uma espécie de branco-amarelado. Espectadores
curiosos se amontoam em torno do objeto.
Phillips: O sr. ainda acha que é um meteorito professor
Pierson?
Pierson: Não sei o que pensar. O invólucro é positivamente
extraterrestre, feito de metal não encontrado em nosso planeta.
Phillips: Um minuto! Algo está acontecendo! Senhoras e
senhores, isto é assustador! A extremidade da Coisa está começando a abrir.
Vozes: ela está se mexendo! O diabo dessa coisa está se
desparafusando…
Phillips: Senhoras e senhores, esta é a coisa mais
aterradora que jamais testemunhei … um momento! Alguém sai engatinhando pela
abertura de cima. Alguém ou alguma coisa. Posso ver que de dentro do buraco
negro dois discos luminosos espiam … são olhos? Pode ser um rosto. Pode ser …
(Grito de pavor da multidão.)
Deus do céu, algo está saindo da sombra como uma serpente.
Agora outro, e mais outro. Parecem tentáculos. Agora, posso ver o corpo da
Coisa. É grande como um urso e brilha como couro molhado. Mas o rosto. Ele …
ele é indescritível. Mal consigo continuar olhando. Os olhos são pretos e luzem
como os de uma cobra. A boca tem a forma de V, com saliva escorrendo de seus
lábios disformes, que parecem tremer e pulsar. O monstro ou seja lá o que for
mal pode se mover. Parece puxado para baixo … talvez pela gravidade ou algo
parecido. A Coisa está se levantando. A multidão recua. Já viram bastante. É a
experiência mais extraordinária. Não encontro palavras … estou arrastando o
microfone comigo enquanto falo. Tenho de interromper a descrição até me colocar
em outra posição. Aguardem, por favor. Voltarei num minuto.
(Entra música de piano)
Locutor Dois: Estamos apresentando aos senhores um
testemunho ocular do que está acontecendo na Fazenda Wilmuth, em Grovers Mill,
Nova Jersey.
Texto, imagens e vídeo reproduzidos dos site: mundodapolitica.com e youtube.com
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