Mário Sérgio Félix- Diretor da Rádio Aperipê FM.
Foto:
Claudia Janinny
Publicado originalmente no blog Em Pauta UFS, em 07/12/2010
Rádio Aperipê de Sergipe
O diretor da Rádio Aperipê FM fala sobre a importância de se
ter uma rádio pública no Estado.
Fundada em 1939, a Rádio Aperipê surge como primeira
emissora de rádio de Sergipe que agrega as rádios AM 630, FM 104,9 e Televisão
canal 2, todos com o nome Aperipê. Durante todos esses anos desde a sua
fundação, a rádio tem a preocupação de levar “Cultura e Informação” a toda à
população sergipana. Um trabalho sério que vem sendo desenvolvido por todos que
compõe a rádio, aproximadamente 30 funcionários entre contratados e efetivos.
Recentemente a Rádio vem passando por algumas reformas na
estrutura do prédio, destacando-se nesse processo a modernização dos estúdios e
a criação de mais dois específicos de sonorização. Também foram adquiridos
novos equipamentos, juntamente com uma nova torre de transmissão em fase de
instalação.
O atual diretor da Rádio Aperipê FM, Mário Sérgio Félix está
na rádio há seis anos, como apresentador e administrador da mesma, um bom tempo
para falar sobre a rádio: como é o funcionamento; a relação com as outras
emissoras e a importância de se ter uma rádio pública no Estado. E todos esses
temas foram abordados na entrevista abaixo, concedida por ele ao EM PAUTA UFS e
realizada na sede da Rádio Aperipê FM em seu estúdio de gravação.
O que é uma rádio pública?
Uma rádio pública é desenvolvida, de forma que, toda a sua
programação seja voltada para a sociedade, ou seja, em seu segmento deve
existir o debate da cultura, da educação, da saúde e de tudo aquilo que a
sociedade, principalmente a sociedade carente, necessita ter conhecimento. A
Rádio Aperipê, como sendo uma rádio pública, elabora uma programação que
permita ao ouvinte o acesso à educação, cultura e principalmente à informação.
Como é o gerenciamento da rádio Aperipê?
O gerenciamento da Aperipê é coletivo. Este se dá por conta
de um colegiado onde todas as pessoas que fazem parte da rádio, entre elas, o
diretor da aperipê FM, o diretor da Aperipê TV, a presidente da fundação
Aperipê, o diretor de marketing entre outros se reúnem para estudar a viabilidade de levar informações sobre
educação, saúde, segurança e cultura
para toda a sociedade.
Existe uma preocupação com a audiência?
Existe sim, a rádio pública não é somente para que seja colocada no ar, sem ao menos saber se é
ouvida ou não . Há uma preocupação, até porque a gente tem que medir a
audiência da rádio para saber se a sociedade está gostando da programação,e se
essa está suprindo a necessidade da população de informação acerca de educação,
saúde, segurança pública, etc.A eficiência e a eficácia da informação é medida
de acordo com a nossa audiência. E a partir daí podemos elaborar e aprimorar o
tipo de programação que a sociedade necessita.
Como é tratada a cultura sergipana?
A cultura sergipana é tratada de forma bem específica. O
complexo Aperipê destina um dia no mês justamente para desenvolver a cultura do
nosso Estado. A última sexta- feira de cada mês, na Rádio Aperipê FM e AM, é um dia voltado
exclusivamente para a cultura sergipana. Nesse dia nós só tocamos músicas
sergipanas e desenvolvemos temas exclusivamente sergipanos. Então a cultura
sergipana é muito mais presente em nossa grade de programação.
Como é trabalhado o esporte de Sergipe pela Rádio Aperipê?
O programa esportivo sempre foi um dos principais programas
em nossa grade. Desde a época de Difusora que o esporte vem sendo o ponto forte
da rádio. Totalmente com independência, tratamos o esporte de forma ampla, não
simplesmente falamos sobre o futebol. A Rádio Aperipê, talvez seja uma das
poucas rádios que mais dão ênfase aos esportes olímpicos, pois os tratamos como
devem ser tratados: na mesma dimensão do futebol.
Como novos artistas sergipanos podem divulgar os seus
trabalhos na rádio?
Talvez a Rádio Aperipê AM e FM sejam uma das que mais tocam
as músicas sergipanas. O artista sergipano sempre teve uma história de muita
união com a Rádio Aperipê. Tanto é que no próprio Projeto Sergipanidade são
tocadas somente músicas sergipanas. Os artistas sergipanos chegam aqui na rádio
para começar a divulgar os seus trabalhos e uma das coisas mais importantes que
nós temos aqui é que, a cada meia hora uma música sergipana é executada. Então
dentro da programação da Rádio Aperipê, a cada meia hora um artista sergipano tem
destaque na programação da rádio.
E os artistas já
consagrados?
Eles também têm a sua participação na rádio. Porque nós
entendemos que os artistas consagrados não podem ficar somente numa grade de
programação. Muitas vezes este artista tem que ser colocado junto a outro que
não tenha expressão, para que ao mesmo tempo em que se ouça um artista já
conhecido possa-se ouvir também o que não tem muita visibilidade. Vou dar um
exemplo, um Chico Buarque de Olanda vai ser colocado na rádio então a sociedade
em geral escuta, mas sabendo que depois daquele artista vai ter um artista sem
expressão então você força as pessoas a escutarem a música de um artista não
conhecido pelo grande público. Vai-se intercalando toda a programação, fazendo
com que todos sejam escutados. Tendo dois artistas com expressão e no meio um
que não tenha, então forçadamente se começa a escutar esses artistas menos
expressivos.
Como é o relacionamento com emissoras concorrentes e
comerciais?
É o melhor possível. Eu acho que a Aperipê até por ser uma
rádio pública, não pode ficar tratando as outras como concorrentes. A gente
deve fazer um trabalho principalmente de parcerias, porque o que está em jogo é
justamente a cultura sergipana. Existem já outras rádios que estão começando a aderir
o Projeto Sergipanidade desenvolvendo-o também, não um dia em cada mês, mas já
começam a dar uma ênfase maior ao artista sergipano, e isso é fundamental.
Existe algum tipo de intercâmbio com outras emissoras
públicas?
Existe sim. A Rádio Aperipê hoje faz parte do Pool de
emissoras públicas denominado Associação de rádios Públicas do Brasil (ARPUB),
onde trocamos toda uma grade de programação que temos com as outras. Dentro
dessa parceria existe um projeto chamado Conexão Brasil, em que todos os
artistas sergipanos são tocados durante um mês cerca de três a quatro vezes por
dia, ou seja, é o artista sergipano sendo tocado em todo Brasil 108 vezes por
dia. Essa parceria com as outras rádios públicas é muito importante tanto para
o artista sergipano, quanto para os demais artistas de outros estados que
também têm seu espaço em nossa rádio.
O Governo interfere na programação? Como?
Não existe interferência do governo na programação, o que
existe é um direcionamento. O Governo traça uma meta, uma linha de programação,
que é colocada para a TV e para a Rádio. Por exemplo, instituiu que a rádio
deve ter uma linha de programação, como o slogan mesmo diz: “cultura e
informação”. A partir dessa instrução elaboramos a nossa programação.
Existem mudanças do governo passado para o atual? Quais?
Existem muitas mudanças, a começar pela total reparação dos
equipamentos da rádio. Antes tínhamos equipamentos sucateados e a rádio não era
ouvida porque o seu transmissor não dava condição de atingir o Estado de
Sergipe. A linha de raio onde a Aperipê atuava não passava de Aracaju. Então,
assim que assumiu a administração, o atual Governo fez vários reparos na rádio:
todos os estúdios foram forrados; equipamentos de ponta foram colocados; houve
um investimento no transmissor para que a gente pudesse levar novamente a todo
o Estado de Sergipe a programação da Aperipê. Portanto existe uma diferença
muito grande, principalmente pela reparação e nova estrutura que o atual
Governo proporcionou a sociedade e também aos funcionários dessa casa.
Rádio Aperipê FM. (Foto: Claudia Janinny)
Já são suficientes?
Não, existe sim um compromisso maior de que a gente não pare
por aí. Um compromisso, por exemplo, de fazer outros tipos de investimentos:
levar a programação da Rádio Aperipê a outras rádios comunitárias e
principalmente no interior do Estado. Existe outro projeto de Sergipe voltar a
ter os programas de auditório, pois sempre foi referência nos demais Estados. .
É um compromisso e um projeto que o Governo vem querendo desenvolver para o
ouvinte sergipano, bem como dar segmento nos próximos anos aos Festivais de
Música, que tem dado certo na atual administração. Tivemos uma artista
sergipana sendo premiada como vencedora do primeiro Festival de Música Nacional
e isso é muito importante.
Durante todo esse tempo existe algum ponto em que tenham
errado?
Existe sim. Muitas vezes na intenção de querer acertar
acaba-se errando. Por exemplo, tentamos desenvolver um programa para as
madrugadas que não deu certo e tivemos que tirar do ar. Por isso, ainda
sentimos a necessidade de elaborar uma programação para essas pessoas que
trabalham nesse horário (médicos, vigilantes, entre outros) que não têm um
programa para ouvir. Mas iremos nos reunir mais uma vez, para juntos pensarmos
em algo que seja interessante para esse público específico.
Considerações finais
Eu acho que nós temos muito que comemorar, principalmente
nesses últimos quatro anos, em que a rádio tem crescido consideravelmente. Eu
digo isso com muita satisfação, tanto da equipe com quem trabalho que são
pessoas competentes e compromissadas com a cultura, quanto com o Governo que se
propôs a levar à população esses dois segmentos: cultura e informação. Também é
gratificante ver que o ouvinte está satisfeito com a programação e que confia
no que é transmitido por nós, afinal é tudo feito com muito amor, carinho,
dedicação e seriedade. É uma honra fazer parte dessa história.
Reportagem de Claudia Janinny
Reportagem de Claudia Janinny
Texto e imagens reproduzidos do blog empautaufs.wordpress.com
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