Publicação originária da Agência Brasil, em 17/09/2013.
Implantação do rádio digital no Brasil ainda é dúvida.
Karine Melo.
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A implantação do rádio digital no Brasil parece
estar longe de uma solução. O Ministério das Comunicações pretende fazer, ainda
neste ano, mais uma bateria de testes nas faixas de FM e de radiodifusão
comunitária com o sistema digital, mas o início e a duração desse trabalho
ainda não foram definidos.
Os primeiros testes com a tecnologia digital, feitos com os
padrões DRM (europeu) e HD (norte-americano), não alcançaram resultados
satisfatórios e a expectativa de definição de um desses modelos, até o fim do
ano passado, foi frustrada.
A digitalização das rádios brasileiras foi discutida hoje
(17) em audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. O
problema , segundo o ministério, é que, para que esses testes sejam feitos, as
emissoras precisam atender a uma série de critérios e parâmetros, mas, até
agora, as que se candidataram a participar do processo não se encaixam nos
requisitos. As que reúnem as condições exigidas negam-se, porém, a colaborar.
Apesar das dificuldades, o Ministério das Comunicações
espera obter melhores resultados com os novos testes e nega que esteja havendo
boicote dos radiodifusores. Segundo o diretor de Acompanhamento de Avaliação do
Ministério das Comunicações, Octavio Pierant, essa preocupação é saudável,
razoável e natural, tendo em vista o resultado dos primeiros testes. "É
natural que as emissoras, verificando que há problemas de cobertura, questionem
ou fiquem em dúvida sobre os próximos passos a serem trilhados”, disse ele.
De acordo com Pieranti, muitos empresários questionam a real
necessidade de um sistema de rádio digital. Entre as grandes preocupações dos
radiodifusores está a cobertura que pode ser atingida. As empresas consideram a
cobertura similar ou melhor que a oferecida hoje no padrão analógico a
principal condição para a adoção de uma nova tecnologia.
Na audiência pública de hoje na Comissão de Ciência e
Tecnologia do Senado, que discutiu a digitalização das rádios no Brasil, os
representantes das empresas cobraram também um modelo de negócios para a
tecnologia digital no setor.
“Ainda não encontramos um modelo de negócios adequado para a
radio digital. Até o momento, sabemos que o custo de implantação, que pode
chegar a R$250 mil, é muito elevado, mas não sabemos se o radiodifusor,
principalmente o da cidade pequena, vai ter condição de investir de modo a não
quebrar. O principal desafio é fazer com que o radiodifusor tenha renda, tenha
receita com a implantação do rádio digital”, disse o represente da Associação
Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), André Felipe Seixas.
Para o chefe de gabinete da Diretoria-Geral da Empresa
Brasil de Comunicação (EBC), Braúlio Ribeiro, a adoção do modelo de rádio
digital no Brasil ainda é uma dúvida. Ribeiro destacou que o rádio digital não
pode ser apenas uma mudança na qualidade de áudio. “Isso é muito pouco para uma
mudança tecnológica. Queremos ver implementados serviços diferenciados, como a
possibilidade de transmissão de imagens junto com o áudio e informações
complementares de textos. É isso que vai trazer incremento a serviço da
população”, afirmou.
Bráulio Ribeiro ressaltou que a discussão não deve deixar de
lado uma política industrial adequada. “De nada adianta ter uma super-rádio
digital, se as pessoas não conseguirem comprar o receptor, que tem que ser
vendido a custos baixos.”
Edição: Nádia Franco.
Texto e imagem reproduzidos do site:
memoria.ebc.com.br/agenciabrasil
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