sábado, 7 de setembro de 2013

O Surgimento da Rdiodifusão em Sergipe



O surgimento da radiodifusão em Sergipe (1)
 Por Dilton Maynard

A radiodifusão sergipana é fruto do Estado Novo (1937-1945). Afinal de contas, a nossa primeira emissora, a PRJ-6, Rádio Aperipê, surgiu em 1939. Embora a afirmação desagrade aos mais românticos, é inegável o auxílio que o rádio recebeu neste período.

Os anos trinta vivenciam o avanço do rádio no Brasil e no mundo. Contudo, apesar da efervescente década de trinta, é somente ao seu término que os sergipanos desfrutam de uma estação local. A criação do Departamento de Propaganda e Divulgação Estadual (DPDE), em fevereiro de 1939, exerceu papel fundamental à inserção de Sergipe na "era do rádio". O DPDE, órgão com funções essencialmente executivas, marca a pretensão do governo estadual no gerenciamento da cultura e na autopropaganda.

Elevando a questão da cultura à categoria central, o Estado Novo empreendeu acirrada campanha de cooptação de intelectuais. Getúlio Vargas, diversas vezes, manifestou a importância da participação de intelectuais nos quadros do governo e a necessidade de policiar a cultura no país.

Para remexer a cultura nacional, foram utilizados variados recursos: do jornal ao rádio. Este último, porém, recebeu especial atenção pelo potencial que encerrava. Com o rádio, os gerentes estadonovistas esperavam influenciar comportamentos e ampliar as bases de legitimação do governo Vargas.

A idéia básica era formar no Brasil uma rede de emissoras semelhante à criada na Alemanha durante o III Reich. Portanto, a criação de uma radiodifusora em Sergipe cumpriu papel estratégico. Não foi uma aventura, mas uma decisão (mal) planejada. Em Sergipe, o policiamento já se ensaiava antes mesmo do padrão broadcasting estar consolidado. Trata-se da Rádio Palácio do Governo (PYD-2), um circuito-fechado de informações que foi explorado ao limite, numa tentativa de estabelecer programas no modelo de radiodifusão.

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O surgimento da radiodifusão em Sergipe (2):
Alguns programas da rádio PRJ-6
Por Dilton Maynard.

A atenção conferida aos programas caminhava em paralelo com o zelo da PRJ-6 em promover a diversificação temática que, de modo aparentemente “ocasional”, conquistassem um público mais amplo do que aquele obtido pelas palestras unicamente doutrinárias, preocupados em divulgar a ideologia do regime. Assim sendo, um halo de "inocência" envolvia inúmeros programas. A partir desta suposta inocência, os novos tempos trazidos pelo Estado Novo se justificavam. Programas como Poesias e Penumbra, Ternura, A Voz do Estudante, entre outros, eram tentativas de compensar as palestras enfadonhas. Reduzidas estas alternativas, atrações como as "pelejas" futebolísticas ganharam atenção.

A tônica das atrações citadas acima era apresentar uma programação que se propunha simultaneamente educativa e divertida. Irradiado às quintas-feiras, Poesias e Penumbra é mencionado como um programa voltado a divulgar a "poesia moça de Sergipe". Informa o anúncio da coluna Palco-Estúdio, assinada por Rubem Vergara: "Sintonizem todas as quintas-feiras a Radio Difusora de Sergipe e ouçam Poesia e Penumbra, um programa feito com a poesia moça de Sergipe. Ontem, às 21:50 foi apresentado (sic) versos de José Sampaio, a mais legítima expressão da moderna poesia brasileira". Ou "lembramos aos nossos leitores o programa da Radio Nacional de todos os domingos "Romance Musical", apresentado sempre às 13 horas"[i].

Assim, cabia na grade do programa a leitura de versos, comentários sobre estes e seus respectivos autores, apresentando ao ouvinte os novos nomes da poesia local. Numa linha muito parecida, Ternura (exibido no mesmo dia de Poesias e Penumbra) era um programa que mesclava a irradiação de músicas com literatura. A nota de jornal esclarece que: "Ternura é uma bonita audição da PRJ-6 e oferecida aos seus ouvintes todas as quintas-feiras às 22 horas. É um programa para você sonhar. Boa música e boa literatura"[ii].

Por seu turno, A Voz do Estudante era considerado um espaço para a classe estudantil, sendo apresentado por colegiais numa espécie de "versão falada" do jornalzinho elaborado pelos estudantes e que circulava por algumas instituições de Aracaju.
   
[i] VERGARA, Rubem. Correio de Aracaju. Aracaju, 6 jul. 1945. p. 04. PALCO-STUDIO.
[ii] VERGARA, Rubem. Correio de Aracaju. Aracaju, 6 jul. 1945. p. 04. PALCO-STUDIO.

Foto e texto reproduzidos do Blog: diltonmaynard.blogspot.com.br

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