Foto acervo Ludwig Oliveira
Luciano Alves um sergipano que brilhou no rádio brasileiro
Luciano Alves Santos nasceu a 5 de outubro de 1940, na
cidade de Aracaju/SE. Seus pais: Aloísio Santos e Alcira Alves Santos.
Por um bom período seu pai trabalhou na função de fiscal de
tributos do município de Aracaju. Também trabalhou por conta própria por um
período como técnico de refrigeração, profissão que deu continuidade ao se
aposentar. Dele o filho herdou o caráter.
Com sua querida mãe, mulher que continua dando bons exemplos
de vida, aprendeu a criar os filhos com completa doação e muita dosagem de
carinho, além de aplicar praticidade em tudo que faz na vida.
Os primeiros estudos aconteceram no Colégio Jackson de
Figueiredo, recebendo aulas de alfabetização com a professora Judite Alves de
Oliveira. Na continuidade dos estudos, fez o curso primário no Colégio Nossa
Senhora Menina, como aluno da professora Antônia. O ginásio e o científico no
Atheneu.
Considera um tempo glorioso em sua vida o que passou no
famoso colégio da rede pública estadual, pela oportunidade que teve de receber
conhecimentos em sala de aula através de professores que marcaram época no ensino
em Sergipe. “ Fui aluno da professora Ofenísia Freire, Thetis Nunes, Dalva
Linhares Nou, José Olino, Cleonice Franclin e tantos mestres de grande
qualidade”.
Dos colegas do Atheneu, boas lembranças de Manoel Prado
Vasconcelos (Pradinho), Novias, Oziel, José Maria e Pacheco.
Ainda do Atheneu de sua época, não esquece do Grêmio
Clodomir Silva, não por militância política e sim por sua atuação no programa
que o grêmio apresentava na antiga rádio Difusora uma vez por semana, que lhe
deu condições de manter o primeiro contato com o microfone. “Na época, o grêmio
não tinha conotação política, mas eu desenvolvia outras atividades, inclusive
esportiva. Como os colegas achavam que eu tinha uma voz bonita, fui indicado
para ser o apresentador do programa que o grêmio mantinha no rádio. Não tive
receio porque desde menino que já era um coruja de rádio. Isso aconteceu entre
1954 a 1955”.
Luciano se deu bem com o microfone nos seus primeiros passos
e logo consegue espaço para trabalhar o rádio e com tempo para continuar o seu
curso científico no Atheneu. Pela sua ida ao Sul para voar profissionalmente
muito mais alto, por um tempo deu uma parada nos estudos, só retornando como
aluno do curso de Direito da Faculdade Bom Sucesso, no Rio de Janeiro. “Me
formei em 1980. Confesso que só fui aos bancos da faculdade para fazer uso dos
conhecimentos da área do Direito a fim a passar para o meu público de rádio. No
programa que apresentava no rádio do Rio de Janeiro eram feitas muitas
perguntas na área do Direito Civil, no Direito da Família, principalmente
pensão alimentícia. Buscando isso fiz Direito”.
A juventude em Aracaju foi mais envolvida por festas do
esporte. Um tempo gostoso de um Aracaju do passado, quando se andava nas rua
até as altas hora da madrugada em completa paz e sem ser incomodado ninguém. Um
tempo inesquecível que nos traz a lembrança da retreta da praça Fausto Cardoso
e rua João Pessoa aos domingos e que tinha como ponto alto o horário das 21h,
que representava o momento em que soltavam o leão e com isso todo mundo corria
para casa. Na retreta da praça as garotas que circulavam estavam
descomprometidas, livres para o namoro. Já as que ficavam encostadas é porque
tinham compromisso, mesmo não estando com o namorado naquele momento. De
hipótese alguma elas poderiam passear pelas calçadas. Uma época gostosa”.
A carreira no rádio aconteceu graças a amizade que mantinha
com Alencarzinho, que convidado para dirigir artisticamente da rádio Cultura no
momento de sua inauguração, já conhecedor da boa voz do Luciano e do seu bom
desempenho com o microfone nos programas dos estudantes do Atheneu na rádio
Difusora, aproveita seu potencial dando-lhe espaço para trabalhar como
narrador. “Aí juntei com Aglaé e fizemos o Gato de Botas, que foi um grande
sucesso. Também narrava notícias, documentários e crônicas”. Na rádio Cultura,
Luciano trabalhou por um ano e meio.
Surgindo a possibilidade de fazer um estágio no rádio
paulista, graças a um convênio da rádio Cultura de Aracaju com a rádio 9 de
Julho, parte para o Sul do país a fim de aprimorar seus
conhecimentos.
Em São Paulo se encontra com Oscar Macedo Filho,
ex-companheiro de trabalho em Aracaju na rádio Cultura. Empregado na rádio
Panamericana, Oscar leva Luciano para fazer teste na emissora em que
trabalhava. “Fui aprovado e logo percebi que tinha tudo para poder voar mais
alto. Mas voltei para Aracaju e fiquei mordido, pois percebi que no Sul o campo
para o meu trabalho no rádio era maior. Seis meses depois deixei a rádio
Cultura e fui fixar residência no Rio de Janeiro. Não fiz opção para trabalhar
na Panamericana em São Paulo, mesmo tendo sido aprovado no teste, por ter no
Rio de Janeiro o tio Haroldo Alves Macieira, que tinha assegurado um lugar para
me abrigar”.
Como conhecia o locutor sergipano Wolnei Silva que já tinha
conquistado um lugar no rádio carioca, fui até o seu lugar de trabalho, a rádio
Nacional, fazer-lhe uma visita. Ao encontrar o amigo, de imediato ele me
perguntou o que estava fazendo na cidade. Disse que estava com vontade de fazer
rádio e ele mandou que tivesse juízo, pois seria difícil conquistar espaço pelo
meu sotaque. Me aconselhou a comprar um rádio para começar a ouvir programas e
noticiários no rádio do Rio de Janeiro para ver se conseguia fechar a pronúncia
do é e de outras vogais. Mas não ficou só em conselho e me levou para fazer um
tese na rádio Carioca, mas isso só ocorreu depois que passei um período
escutando rádio e fazendo treinamento de voz. Fui aprovado e fiz minha estréia
como locutor comercial. Também tive chance de ler algumas notícias”.
Da rádio Carioca Luciano conta que surgiu uma oportunidade
de fazer um teste para conquistar a vaga de locutor de final de semana da rádio
Globo. Aprovado no novo emprego, o tempo de um ano diante da oportunidade de
emprego na rádio Guanabara com uma melhor remuneração e mais tempo de trabalho.
“A emissora estava formando uma nova equipe e lá tive momentos de alegria, pois
fiz amizade com João Saldanha, que fazia futebol. Na Guanabra, meu trabalho era
o de ler notícias. Depois de um ano e meio, a Globo me chama de volta e com
melhores condições de trabalho e daí trabalhei por 25 anos”.
Voltou no trabalho de locutor comercial com um melhor
salário e sem trabalhar em final de semana. Seu horário na emissora era das 5h
às 7h30, fazendo locução comercial do programa Haroldo de Andrade. “Tinha de
ficar presente no estúdio junto do apresentador para ler os comerciais, pois
naquela época 80% dos comerciais eram lidos ao vivo, sem uso de gravação como
acontece hoje. De vez em quando, Haroldo chegava tarde e assim eu abria o seu
programa. Logo fui aprendendo a sua dinâmica até que um dia ele não compareceu
e eu coloquei o programa no ar. Comecei, fui conquistando espaço e então passei
a ler o noticiário de meia hora da Globo, intitulado ‘O Seu Redator Chefe’. O
fato interessante é que 10 anos depois Wolnei Silva foi contratado e passou a
ler o noticiário comigo. Foi a grande alegria de minha vida, pois trabalhei com
quem me colocou no potente rádio no Sul do país.
Com a saída de Luís de Carvalho para a Tupy, a Globo tirou o
Haroldo de Andrade do seu horário habitual e o colocou no horário das 9h ao
meio-dia. Como a mudança aconteceu de forma repentina, Luciano foi chamado pelo
diretor Mário Lins para ficar com a responsabilidade do horário que o Haroldo
apresentava nos primeiros momentos da manhã. “Ele ligou para mim e mandou que
eu tocasse o programa já que não sabia o que fazer no horário. Entrei no mesmo
estilo e fui fazendo a mesma coisa. Um mês depois, Mário me chamou para dizer
que não tinha encontrado ninguém e que a emissora estava disposta de me
proporcionar uma oportunidade. Mandou que assumisse e me disse que a partir
daquele momento o programa seria chamado de Luciano Alves Comunica. Isso caiu
do céu. Aconteceu entre 67 e 68 e fiquei na Globo até 87”.
Trocou a Globo pela Rádio Tupy por uma proposta financeira
irrecusável e abertura de fazer o mesmo programa e com nome e toda sua
estrutura. “Estava precisando ganhar mais, pois precisava formar um filho
piloto que me custava muito caro pelas horas de voo. A Tupy me ofereceu uma
proposta superior ao dobro que ganhava na Globo”.
No rádio carioca Luciano passou o tempo de 35 anos de muito
trabalho e conquistas. Pelo seu microfone ajudou a muitos sergipanos, demais
nordestinos e a Sergipe no trabalho que fazia da divulgação do nosso turismo.
“Ajudei a muita gente e promovi a minha terra como ninguém. Lamentavelmente
muitas vezes o Estado fazia festa, convidava muita gente, mas da terra não
convidava ninguém”.
Do tempo da Globo não pode esquecer da primeira vez que leu
o noticiário O Globo no Ar. “Quando acabei estava molhado da cabeça ao
calcanhar, além de ter molhado todo o papel que continha o noticiário. Outro
fato interessante na sua vida no rádio brasileiro aconteceu quando passou a ser
o locutor substituto do famoso e histórico noticiário Repórter Esso. “Quando o
Heron Domingues deixou o locutor Roberto ficar em seu lugar e eu passei a ser o
seu substituto. Assim fazia o Repórter Esso aos domingos e nas eventuais faltas
do locutor titular”.
Aposentado e com os filhos já criados, no segundo casamento
sente saudade da sua terra e necessidade de passar um tempo perto de seu pai e
para se afastar da violência do Rio de Janeiro, resolve morar em Aracaju.
Com seis meses de residência em Sergipe, sente com pesar a
morte de seu querido pai.Com mais um ano e meio consegue espaço no rádio
sergipano, mesmo assim com muita luta. Passa um tempo na rádio Atalaia e mais
outro da Liberdade AM. Graças ao amigo Mateus da Mata, consegue trabalhar na
segunda campanha política de Albano Franco ao governo como um dos locutores do
programa eleitoral. Como ainda tem uma outra existência pela frente, não
esquenta e segue adiante disposto a passar por todos obstáculos. “Eu estou
precisando ganhar dinheiro em Sergipe. Está difícil mas estou fazendo força
para ficar no meu Estado. Fiquei por aqui um ano e meio sem trabalhar, mesmo
sem saber nada de rádio” (risos).
Casou com Terezinha Pacca e com ela uma relação de 15 anos
que resultou nos filhos Cláudia e Luciano Júnior (“Hoje ele é piloto
internacional da Vasp”). Do novo casamento com Lourdes Maciel, tem a filha
Flávia Maria. É avô de dois.
No rádio Luciano Alves conquistou seis Bolas de Ouro, prêmio
de maior valor no eixo Rio/São Paulo.
Como desejava ser piloto, contenta-se de ter um filho na
profissão que sempre sonhou. “Fiz exame para a Força Aérea por duas vezes e fui
reprovado diante da matéria geometria”.
Luciano Alves faleceu em Aracaju aos 67 anos, na
quinta-feira, 29/2/2009.
*Reproduzido do site: usuarioweb.infonet.com.br (16.01.2009)
Eu era fã incondicional do programa. Eu sou mineiro e na época trabalhava na siderúrgica Belgo Mineirão hoje Arcelor Mortal na cidade de Monlevade. Acordava às 4 da matina só pra ouvir o programa e depois ia pro serviço. Grande João Vita fazia reportagens da rua. Era uma figura.
ResponderExcluirNome certo: Belgo Mineira hoje Arcelor Mittal
ResponderExcluirMeu pai, que tbm já faleceu, ouvia os programas dele. Era mto bom, de verdade.
ResponderExcluirSaudades !!! ... 😥💔