terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

José Eugênio de Jesus (1918 - 2016)

Foto reproduzida do site: aperipe.com.br
Postada por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 09/09/2003.

Maior ícone vivo da história da imprensa sergipana.
Por Najara Lima.

Ele queria ser torneiro mecânico, assim como o nosso atual Presidente da República. E seria, não fosse uma pequena ajuda do destino, colocando cada coisa em seu lugar. Acabou indo parar nas tipografias dos jornais. De gráfico a impressor, depois comentarista, colaborador, cronista esportivo, diretor de jornalismo. Falando assim, parece que foi fácil. Mas tudo isso foi conseqüência de muito trabalho, luta e um punhado grande de seriedade. Dos três filhos do Sr. Antônio, um marinheiro de carreira, e da Dona Raquel, dona de casa, apenas um sobreviveu. E por ter escapado da morte, que levou os dois irmãos, ele parece mesmo gostar da vida. Aos 84 anos, José Eugênio de Jesus possui uma lucidez inacreditável e uma condição física de fazer inveja a muito jovem. Fala pausadamente e nunca perde a linha de raciocínio. Tem uma memória privilegiada e prova isso ao tentar relatar fatos que ocorreram há muito tempo em sua vida. Ele é considerado hoje o comunicador mais antigo em atividade no Brasil. Ocupa o cargo de Presidente da Associação Sergipana de Imprensa, e como a função não é remunerada, ele a exerce simplesmente por amor à entidade e à profissão. Além de subir várias vezes e todos os dias dois grandes lances de escada que dão acesso à sede da ASI, José Eugênio caminha ainda 5.800 metros todas as manhãs. Esse exemplo de vitalidade mostra, com sua história de vida, que as pessoas ainda têm muito que se surpreender com ele. Eugênio é possuidor de um largo e invejável currículo. Em rádio, trabalhou Aperipê, na Rádio Jornal AM, na Liberdade e na Rádio Cultura. Na televisão, apresentou o programa Bola em Jogo, na TV Aperipê. Em jornal, trabalhou como gráfico no Diário da Manhã e impressor no Sergipe Jornal. Depois, colaborou com a Gazeta Esportiva, com o Jornal Gazeta de Sergipe e com o jornal católico A Cruzada. Participou também da Revista Alvorada. Gravou definitivamente seu nome na história da imprensa sergipana, participando da fundação da Associação de Cronistas Esportivos de Sergipe, do Sindicato de Gráficos, de Jornalistas e de Radialistas de Sergipe. Além de tudo isso, o maior comunicador de todos os tempos ainda em ação no país teve tempo para lecionar linotipia na Escola Industrial de Aracaju. Ele trabalhou no Diário Oficial do Estado, se tornou funcionário público e teve sua aposentadoria garantida depois de 42 anos de serviços prestados, “mas isso nunca fez com que eu me afastasse do rádio, que sempre foi minha grande paixão”. Hoje, ele acumula, além da presidência da ASI há um ano e quatro meses, o cargo de delegado da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos e colabora para o Semanário Esportivo. O esporte e sua tão amada profissão já levaram o Sr. José Eugênio para caminhos distantes. Ele teve a honra de estar presente na Copa do Mundo na Itália. Participou da despedida de Pelé no Rio de Janeiro. Pôde presenciar uma edição da fantástica Corrida de São Silvestre. Conheceu o Brasil inteiro através da vertente esportiva da comunicação. Não é à toa que nasceu numa rua chamada Boa Viagem. Já ganhou vários prêmios por sua atuação na área, mas considera o Troféu Destaque Imprensa, que ganhou como melhor cronista esportivo, como o maior reconhecimento em forma de premiação que poderia receber. O atual presidente da ASI é um homem de fortes convicções. Quando questionado sobre polêmica da desobrigatoriedade do diploma, ele é incisivo. “Eu acho absolutamente necessário o diploma, sob todos os aspectos”, declara ele. Com relação ao cenário da comunicação no Estado, ele não tem papas na língua na hora de falar. Apesar de afirmar que estamos numa fase de franca expansão, ele destaca um problema crônico. “Infelizmente, ainda temos mais quantidade que qualidade”, afirma José Eugênio. Ele defende, acima de tudo, a ética na profissão. Ouvir os dois lados da questão é, para ele, a base de toda a atividade jornalística. “A notícia não é unilateral! Tem que ouvir as duas partes e o interessante é que se faça isso antes de divulgar. Do contrário, o jornalista perde credibilidade”, diz ele. O maior sonho desse homem que considera o jornalismo “uma coisa muito séria” é ver a ASI crescer. Trazer os jornalistas que estão saindo das universidades, com força de vontade e ânimo renovado para dar continuidade ao trabalho iniciado há 70 anos é um dos grandes desejos de José Eugênio de Jesus. Viúvo, com três filhos, nove netos e uma bisneta, ele exibe uma feição de saúde e felicidade aos que têm a oportunidade de conhecê-lo. Com uma família grande e um círculo de amizades maior ainda, ele já pode dizer, aos 84 anos de vida, que cumpriu sua missão. Mas sua vitalidade prova que há muito ainda por fazer. Verá quem viver até lá.

Texto reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/cultura

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