Foto reproduzida do site: aperipe.com.br
Postada por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.
Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em
09/09/2003.
Maior ícone vivo da história da imprensa sergipana.
Por Najara Lima.
Ele queria ser torneiro mecânico, assim como o nosso atual
Presidente da República. E seria, não fosse uma pequena ajuda do destino,
colocando cada coisa em seu lugar. Acabou indo parar nas tipografias dos
jornais. De gráfico a impressor, depois comentarista, colaborador, cronista esportivo,
diretor de jornalismo. Falando assim, parece que foi fácil. Mas tudo isso foi
conseqüência de muito trabalho, luta e um punhado grande de seriedade. Dos três
filhos do Sr. Antônio, um marinheiro de carreira, e da Dona Raquel, dona de
casa, apenas um sobreviveu. E por ter escapado da morte, que levou os dois
irmãos, ele parece mesmo gostar da vida. Aos 84 anos, José Eugênio de Jesus
possui uma lucidez inacreditável e uma condição física de fazer inveja a muito
jovem. Fala pausadamente e nunca perde a linha de raciocínio. Tem uma memória
privilegiada e prova isso ao tentar relatar fatos que ocorreram há muito tempo
em sua vida. Ele é considerado hoje o comunicador mais antigo em atividade no
Brasil. Ocupa o cargo de Presidente da Associação Sergipana de Imprensa, e como
a função não é remunerada, ele a exerce simplesmente por amor à entidade e à
profissão. Além de subir várias vezes e todos os dias dois grandes lances de
escada que dão acesso à sede da ASI, José Eugênio caminha ainda 5.800 metros
todas as manhãs. Esse exemplo de vitalidade mostra, com sua história de vida,
que as pessoas ainda têm muito que se surpreender com ele. Eugênio é possuidor
de um largo e invejável currículo. Em rádio, trabalhou Aperipê, na Rádio Jornal
AM, na Liberdade e na Rádio Cultura. Na televisão, apresentou o programa Bola
em Jogo, na TV Aperipê. Em jornal, trabalhou como gráfico no Diário da Manhã e
impressor no Sergipe Jornal. Depois, colaborou com a Gazeta Esportiva, com o
Jornal Gazeta de Sergipe e com o jornal católico A Cruzada. Participou também
da Revista Alvorada. Gravou definitivamente seu nome na história da imprensa
sergipana, participando da fundação da Associação de Cronistas Esportivos de
Sergipe, do Sindicato de Gráficos, de Jornalistas e de Radialistas de Sergipe.
Além de tudo isso, o maior comunicador de todos os tempos ainda em ação no país
teve tempo para lecionar linotipia na Escola Industrial de Aracaju. Ele
trabalhou no Diário Oficial do Estado, se tornou funcionário público e teve sua
aposentadoria garantida depois de 42 anos de serviços prestados, “mas isso
nunca fez com que eu me afastasse do rádio, que sempre foi minha grande
paixão”. Hoje, ele acumula, além da presidência da ASI há um ano e quatro
meses, o cargo de delegado da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos e
colabora para o Semanário Esportivo. O esporte e sua tão amada profissão já
levaram o Sr. José Eugênio para caminhos distantes. Ele teve a honra de estar
presente na Copa do Mundo na Itália. Participou da despedida de Pelé no Rio de
Janeiro. Pôde presenciar uma edição da fantástica Corrida de São Silvestre.
Conheceu o Brasil inteiro através da vertente esportiva da comunicação. Não é à
toa que nasceu numa rua chamada Boa Viagem. Já ganhou vários prêmios por sua
atuação na área, mas considera o Troféu Destaque Imprensa, que ganhou como
melhor cronista esportivo, como o maior reconhecimento em forma de premiação
que poderia receber. O atual presidente da ASI é um homem de fortes convicções.
Quando questionado sobre polêmica da desobrigatoriedade do diploma, ele é
incisivo. “Eu acho absolutamente necessário o diploma, sob todos os aspectos”,
declara ele. Com relação ao cenário da comunicação no Estado, ele não tem papas
na língua na hora de falar. Apesar de afirmar que estamos numa fase de franca
expansão, ele destaca um problema crônico. “Infelizmente, ainda temos mais
quantidade que qualidade”, afirma José Eugênio. Ele defende, acima de tudo, a
ética na profissão. Ouvir os dois lados da questão é, para ele, a base de toda
a atividade jornalística. “A notícia não é unilateral! Tem que ouvir as duas
partes e o interessante é que se faça isso antes de divulgar. Do contrário, o
jornalista perde credibilidade”, diz ele. O maior sonho desse homem que
considera o jornalismo “uma coisa muito séria” é ver a ASI crescer. Trazer os
jornalistas que estão saindo das universidades, com força de vontade e ânimo
renovado para dar continuidade ao trabalho iniciado há 70 anos é um dos grandes
desejos de José Eugênio de Jesus. Viúvo, com três filhos, nove netos e uma
bisneta, ele exibe uma feição de saúde e felicidade aos que têm a oportunidade
de conhecê-lo. Com uma família grande e um círculo de amizades maior ainda, ele
já pode dizer, aos 84 anos de vida, que cumpriu sua missão. Mas sua vitalidade
prova que há muito ainda por fazer. Verá quem viver até lá.
Texto reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/cultura
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