Manoel Silva nasceu em agosto de 1931, em Aracaju, Sergipe.
É filho de dona Maria Francisca da Silva.
É filho de dona Maria Francisca da Silva.
Nascido em família humilde, desde cedo aprendeu a ter
palavra e a ser correto em suas ações através das lições de vida passadas por
sua mãe.
Na rua São João, com dona Mariinha, uma professora enérgica
e de coração repleto de bondade, estudou as primeiras letras e teve muito
espaço para recreação. Em seguida, passou pelas mãos da professora Sinhá, uma
mestra de valor que dava aulas numa escola particular na rua Japaratuba.
No prosseguimento dos estudos, seguiu o conselho do seu
primeiro patrão, Joaquim Sabino Ribeiro, e se matriculou na Escola Técnica
Coelho e Campos (Senai), onde fez o curso de eletricidade, profissão que já
exercia no emprego da Fábrica Confiança quando tinha quatorze anos de idade.
Em Pernambuco, na Escola Nordestina Adventista, realizou o
ginasial, mas sem deixar de trabalhar. Mais adiante, fez curso supletivo para
concluir o segundo grau. Sempre junto com os livros, no momento, concluiu o
curso técnico de Enfermagem. “Eu tenho, no rio São Francisco, uma lancha que
faz o trabalho de ambulância para ajudar os pobrezinhos da margem do rio.”
Envolveu-se com o futebol no tempo da juventude, chegando ao
time juvenil do Confiança. “Praticamente eu vi nascer o Confiança.”
Deu início à vida profissional na Fábrica Confiança. Nos
primeiros dias, não sentiu nenhum abalo, pois, desde cedo, ajudava sua mãe no
trabalho de levar e apanhar as roupas que ela lavava em casa.
Na qualidade de eletricista da Fábrica Confiança, passou cinco
anos. No Senai, não ficou somente no curso de eletricidade. Por ter consciência
de que era preciso se preparar para o mercado de trabalho, também fez os cursos
de tornearia mecânica e de motorista de moto.
Estudou na Escola Técnica e conquistou emprego de bedel.
Cursos técnicos realizados ao longo de sua vida são muitos. Cita, entre eles, o
de motores.
Atuou, por um bom tempo, como técnico de máquina de
Contabilidade, profissão que lhe garantiu o seu segundo emprego na firma
Fonseca Sobrinho. “De lá, fui fazer um curso no Rio de Janeiro, numa indústria
de máquinas de Contabilidade.”
Passou a morar em Salvador, exercendo as profissões de
vendedor e de técnico de máquinas em que se especializou. Bati a Bahia toda. Na
terra de todos os santos e axés, ficou durante seis anos. Essa época é marco da
sua estréia no rádio. Aconteceu na Rádio Excélsior da Bahia. O fascínio pelo
rádio vem desde menino.
“Lá na rua São João havia um barbeiro que tinha um rádio
antigo, e eu ficava, à noite, ouvindo. Às vezes, imitava em casa o trabalho dos
locutores. Daí fui gostando e até hoje a paixão.”
Começou no rádio como locutor comercial e logo conquistou
espaço para apresentar programas. Nessa época, o rádio na Bahia passava por uma
boa fase. Tinha bons companheiros de Sergipe, como Manoel Aragão e Cléo
Meireles. O trabalho no rádio, não só em Salvador, como em Aracaju, sempre
aconteceu como complemento de renda.
Voltou a Aracaju e foi trabalhar na firma Fonseca Sobrinho,
na mesma função de técnico de máquinas. Prosseguiu carreira radiofônica e fez
estréia na Rádio Liberdade, que estava em fase inaugural. “Era eu quem
substituía o Carlito Melo quando ele viajava e, além do trabalho normal de
locução, eu fazia um programa de presente musical. “
Além da Liberdade, passou pelos microfones da Difusora,
Cultura e Jornal. Cheguei a dirigir tanto a Cultura como a Jornal na área
artística.
Sente-se gratificado por ter participado da fase áurea do
rádio sergipano. A política foi a razão da implantação das emissoras Liberdade
(UDN) e Jornal (PSD). Já a Cultura, implantada pela igreja pelo bispo Dom José
Vicente Távora, chegou com proposta de evangelizar. Os radialistas sofriam.
Diz que é responsável pelo primeiro programa sertanejo do
rádio sergipano. Durava apenas quinze minutos.
Na Cultura, apresentou o programa “Aquarela Sertaneja”, que
marcou época. Sempre fez uso do microfone para atender os mais necessitados.
“Arranjei muitos empregos para as domésticas e transformei o
meu carro, uma Caravan, em ambulância para levar o pessoal que saía do
pronto-socorro, capengando. Nunca cobrei nada.”
Passou pela Câmara de Vereadores de Aracaju, como vereador
na legislatura de 1974-78.
“Decepcionei-me porque lá dentro vi que não é aquilo que a
gente pensa nem aquilo que a gente quer. É um jogo de interesses. Sei de uma
coisa: contribuí muito para o crescimento de nossa cidade. Tinha projetos que
dependia de um voto, e eu votava. Não queria saber de quem era e de que
partido. Votava com consciência para o crescimento da minha cidade.”
Por dezoito anos, foi operário da Petrobras. Tinha uma
função interessante: a de ensinar. “Eu saía de Aracaju e ia ensinar o pessoal
que trabalhava como torrista e tal, e que não sabia ler. Na Petrobras, sempre
trabalhei na comunicação.”
No rádio amador, uma história de muita cumplicidade, que já
vão muitos anos. “Quando eu comecei, a Labre ainda não tinha sede. No tempo do
Dr. Bragança, Santos Mendonça e outros. Ainda continuo e com o mesmo prefixo:
PPP6 YQ.”
Em sua última passagem pela Rádio Cultura, transmitia seu
programa da própria casa, com estúdio, linha privada e tudo.
Do trabalho que desenvolve sem interesse político,
exclusivamente voltado para servir aos mais necessitados que residem à beira do
rio São Francisco, conta que o faz, semanalmente, com toda dedicação. Não tem,
na região, nem casa, quanto mais propriedade.
Faço esse trabalho com uma lancha toda aparelhada para
servir de ambulância. Diante do trabalho que desenvolvo, chamo de Operação
Colibri. Vou pelas margens do rio, ajudando a um e a outro. Por isso, estou
fazendo o curso de enfermagem, porque vi que tem muita gente doente. O trabalho
com a lancha é desenvolvido há doze anos.
Casou com Oneide Faria Rodrigues, uma amazonense de
Parintins. O casamento aconteceu em 1961 e resultou nos filhos Rute, Aline,
Rísia e Silva Júnior. Os filhos Rute Rodrigues (hoje na Globo, como repórter da
rede em Minas Gerais), Rísia Rodrigues e Silva Júnior são jornalistas. Aline é
secretária bilíngüe e radialista. “Sinto-me muito feliz por ter uma família na
Comunicação, seguindo o pai. Que Deus abençoe a todos eles e que eles sejam
sempre como eu fui, correto nos acertos.” Manuel é avô de seis netos.
* Foto e texto reproduzidos de postagem de Sérgio Santana,
na página do Grupo do Facebook/Radialistas Sergipanos.
Obrigado por registrar um pouco da história de meu pai.
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