terça-feira, 25 de setembro de 2012

Santos Mendonça e Seu Programa: "Calendário"

Foto: acervo Juliana Almeida

Santos Mendonça e o programa Calendário: um marco no Rádio Sergipano *
Por Ana Paula Medeiros

José dos Santos Mendonça nasceu no dia 24 de novembro de 1919, na Barra dos Coqueiros, porém passou a infância em Aracaju. Seus pais eram Albérico Curvelo e Graziela de Santos Mendonça. Estudou no colégio de Dona Bió Cardoso, e passou também, pelos colégios Salesiano, Tobias Barreto e Atheneu.

Santos Mendonça se destacou com o programa Calendário, mas ele já fazia programas radiofônicos desde quando tinha apenas 18 anos. A primeira participação foi uma ponta no programa esportivo PJ6, que era apresentado por Alfredo Gomes. Por conta de um problema de saúde, Alfredo Gomes precisou se afastar das transmissões, e Santos Mendonça assumiu todas as atrações comandadas por ele. Nesse momento Mendonça assumiu o “Atrações Matinais”, que era um programa de auditório, sucesso de público. O programa que era voltado para o entretenimento acontecia sempre aos domingos, e nele Mendonça apresentava os famosos artistas do rádio sergipano. Entre eles estavam: Pedro Teles, Eronildes, Carnera e seu Regional, João Melo e a Rádio Orquestra Pinduca.

Por causa dos baixos salários dos radialistas, Mendonça junto com outros radialistas decidiram levar seus programas para o cinema. Como os programas não tinham nenhum vinculo com as emissoras de rádio, a decisão era vista como um protesto. Assim, Mendonça passou a apresentar o programa “O que somos o quanto valemos”, no Cinema Vitória nos domingos pela manhã. O programa tinha uma boa produção, com muitas brincadeiras de perguntas e respostas, e a platéia vibrava com a distribuição de prêmios. Além das brincadeiras, assim como no “Atrações Matinais”, Santos Mendonça, no programa “O que somos o quanto valemos” também apresentava grandes artistas do rádio sergipano. A animação do programa ficava por conta da Rádio Orquestra Pinduca.

Quando Mendonça foi contratado pela Rádio Liberdade, recém-inaugurada, ele iniciou o que seria o maior programa investigativo do rádio sergipano, o Calendário. O programa era uma mesclava um jornalismo denunciativo com a prestação de serviços, informando santo do dia, horóscopo, avisos aos navegantes entre outras informações.

Santos Mendonça, na atração diária, fazia denuncias políticas e criminais. Para as denuncias de crimes ocorridos em Aracaju, o radialista contava com o apoio da população e dos próprios policias, que faziam questão de mantê-lo informado. Segundo Herbert Mendonça (filho de Santos Mendonça), para conservar o anonimato dos informantes, Santos Mendonça criou o codinome “Zé Povinho”, que servia a todo aquele que queria fazer denúncia.

O maior caso noticiado pelo Calendário foi o assassinato do menino Carlos Werneck, pelo sapateiro Antônio Feliciano de Macedo, o La Conga, e sua esposa Edith. Mendonça primeiro noticiou o desaparecimento da criança, que tinha 11 anos. Desconfiado de rapto, e que ele estaria escondido no porão de um navio, que havia acabado de partir de Sergipe, Mendonça através do rádio entrou em contato com autoridades baianas e conseguiu interceptar a embarcação no porto de Salvador. Mas, o garoto não estava escondido no navio. Mendonça, depois, emocionado, noticiou a descoberta do corpo da criança, enterrado, em um monte de areia, perto da casa onde morava, no bairro Siqueira Campos. E foi ouvindo o Calendário que a polícia chegou aos assassinos, pois eles concederam entrevista ao programa contando como cometeram o crime.

Através do programa, Santos Mendonça realizava campanhas beneméritas, em prol de várias instituições, principalmente em prol do Asilo Rio Branco.

* Reprodução de postagem em 24.11.2008, no blog audiografia.blogspot de Juliana Almeida.

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