Foto: acervo Juliana Almeida
Santos Mendonça e o programa Calendário: um marco no Rádio
Sergipano *
Por Ana Paula Medeiros
José dos Santos Mendonça nasceu no dia 24 de novembro de
1919, na Barra dos Coqueiros, porém passou a infância em Aracaju. Seus pais
eram Albérico Curvelo e Graziela de Santos Mendonça. Estudou no colégio de Dona
Bió Cardoso, e passou também, pelos colégios Salesiano, Tobias Barreto e
Atheneu.
Santos Mendonça se destacou com o programa Calendário, mas
ele já fazia programas radiofônicos desde quando tinha apenas 18 anos. A
primeira participação foi uma ponta no programa esportivo PJ6, que era
apresentado por Alfredo Gomes. Por conta de um problema de saúde, Alfredo Gomes
precisou se afastar das transmissões, e Santos Mendonça assumiu todas as
atrações comandadas por ele. Nesse momento Mendonça assumiu o “Atrações
Matinais”, que era um programa de auditório, sucesso de público. O programa que
era voltado para o entretenimento acontecia sempre aos domingos, e nele
Mendonça apresentava os famosos artistas do rádio sergipano. Entre eles estavam:
Pedro Teles, Eronildes, Carnera e seu Regional, João Melo e a Rádio Orquestra
Pinduca.
Por causa dos baixos salários dos radialistas, Mendonça
junto com outros radialistas decidiram levar seus programas para o cinema. Como
os programas não tinham nenhum vinculo com as emissoras de rádio, a decisão era
vista como um protesto. Assim, Mendonça passou a apresentar o programa “O que
somos o quanto valemos”, no Cinema Vitória nos domingos pela manhã. O programa
tinha uma boa produção, com muitas brincadeiras de perguntas e respostas, e a
platéia vibrava com a distribuição de prêmios. Além das brincadeiras, assim
como no “Atrações Matinais”, Santos Mendonça, no programa “O que somos o quanto
valemos” também apresentava grandes artistas do rádio sergipano. A animação do
programa ficava por conta da Rádio Orquestra Pinduca.
Quando Mendonça foi contratado pela Rádio Liberdade,
recém-inaugurada, ele iniciou o que seria o maior programa investigativo do
rádio sergipano, o Calendário. O programa era uma mesclava um jornalismo
denunciativo com a prestação de serviços, informando santo do dia, horóscopo,
avisos aos navegantes entre outras informações.
Santos Mendonça, na atração diária, fazia denuncias
políticas e criminais. Para as denuncias de crimes ocorridos em Aracaju, o
radialista contava com o apoio da população e dos próprios policias, que faziam
questão de mantê-lo informado. Segundo Herbert Mendonça (filho de Santos
Mendonça), para conservar o anonimato dos informantes, Santos Mendonça criou o
codinome “Zé Povinho”, que servia a todo aquele que queria fazer denúncia.
O maior caso noticiado pelo Calendário foi o assassinato do
menino Carlos Werneck, pelo sapateiro Antônio Feliciano de Macedo, o La Conga,
e sua esposa Edith. Mendonça primeiro noticiou o desaparecimento da criança,
que tinha 11 anos. Desconfiado de rapto, e que ele estaria escondido no porão
de um navio, que havia acabado de partir de Sergipe, Mendonça através do rádio
entrou em contato com autoridades baianas e conseguiu interceptar a embarcação no
porto de Salvador. Mas, o garoto não estava escondido no navio. Mendonça,
depois, emocionado, noticiou a descoberta do corpo da criança, enterrado, em um
monte de areia, perto da casa onde morava, no bairro Siqueira Campos. E foi
ouvindo o Calendário que a polícia chegou aos assassinos, pois eles concederam
entrevista ao programa contando como cometeram o crime.
Através do programa, Santos Mendonça realizava campanhas
beneméritas, em prol de várias instituições, principalmente em prol do Asilo
Rio Branco.
* Reprodução de postagem em 24.11.2008, no blog audiografia.blogspot de Juliana Almeida.
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